Publicação critica foco do governo brasileiro no PIB e afrouxamento fiscal e diz que, mesmo com a economia estagnada, a inflação subirá
O jornal inglês 'Financial Times' voltou a criticar a política econômica brasileira, ao publicar em seu blog Beyond Brics, nesta segunda-feira, matéria intitulada “Brasil: meta de inflação jogada pela janela”. Fazendo referência ao relatório Focus do Banco Central (BC), a publicação afirma que os economistas estão elevando cada vez mais suas expectativas para a inflação para 2012, passando-a de 5,53% para 5,65% no último relatório.
Para o FT, estes são “tempos cada vez mais difíceis” para os formuladores de política monetária e fiscal do país - e ressaltou que o corte da Selic foi justificado pelo abrandamento da economia do país e do exterior. “Mas, enquanto a economia continuar estagnada, a inflação estará persistentemente subindo”, traz o texto, ressaltando que a expectativa de crescimento do PIB em 2013 caiu de 3,2% para 3,19% no relatório Focus do BC, divulgado nesta segunda-feira.
O blog destaca que os investidores brasileiros não estão acreditando que o BC vai conseguir estimular a economia sem custo inflacionário. O texto argumenta ainda que os contratos de juros futuros de 2012 a 2015 estão a preços mais altos, indicando uma expectativa de aumento da Selic. Contudo, há pressões políticas para que a taxa de juros básica caia, a despeito dos integrantes do Comitê de Política Monetária (Copom) entenderem que essa não deve ser a política mais eficiente. “Se isso acontecer, a meta de inflação (entre 2,5% e 6,5%) será realmente jogada pela janela”, diz o texto.
No ano passado, a inflação fechou em 5,84%, distante do centro da meta (4,5%). Em dezembro, a inflação subiu 0,79% e a estimativa do Focus é de alta de 0,83% em janeiro (maior do que há uma semana, que estava em 0,79%). “Se a inflação estivesse no topo das prioridades do BC, certamente ela estaria se ajustando agora", diz a publicação. Em inúmeros artigos publicados ao longo dos últimos meses, o FT critica a decisão de priorizar o Produto Interno Bruto (PIB) em detrimento da inflação.
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O jornal inglês afirma ainda que a decisão do Copom de manter a taxa básica de juros (Selic) em 7,25%, em sua primeira reunião do ano, foi acertada e deve manter a inflação com tendência negativa. Contudo, os estímulos monetários e a maior disponibilidade de crédito tiveram pouco efeito porque os brasileiros estão muito endividados.
Outro fator citado pelo FT que evidencia a piora do cenário macroeconômico do país é a atenção do governo aos estímulos fiscais, colocando na mesa a possibilidade de diminuir a meta do superávit primário (dinheiro economizado para o pagamento dos juros da dívida externa, atualmente fixado em 3,1% do PIB), conforme falou o secretário do Tesouro, Arno Augustin, na semana passada. “Se os consumidores não vão gastar para recuperar a economia, ao que parece, o governo o fará”, destacou.
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