O crack, o discurso vigarista, a ação de Alckmin e a conversa mole do “Coxinha”…
O governo petista é ruim de serviço. Reportagem da revista VEJA publicada neste fim de semana demonstra que a maioria das metas e promessas solenes feitas pela presidente Dilma Rousseff não será cumprida.
Em alguns casos, a coisa caminha para o vexame. No ritmo em que andam os trabalhos, as 6 mil creches prometidas serão entregues em… 600 anos!!!
Os petistas poderiam ser só incompetentes bem-intencionados, e isso já seria ruim. Mas não se contentam com isso: podem ser também sabotadores dolosos do trabalho alheio.
Vejam o caso da verba antidrogas. Segundo o site Contas Abertas, foram desembolsados no ano passado apenas 7% da verba do Fundo Nacional Antidrogas, vinculado ao Ministério da Justiça, cujo titular é o buliçoso José Eduardo Cardozo, um dos pauteiros frequentes de certa imprensa.
A incompetência para gastar licitamente uma verba pública é a evidência máxima da falta de programa, de propósito, de meta. Como sempre, os representantes do oficialismo transferem as responsabilidades para costas alheias.
Mas nem é esse o ponto que mais me interessa agora. O problema dos petistas está em trabalhar mal e em impedir que outros trabalhem.
Todos acompanhamos o escarcéu que fizeram — um trabalho deliberado de sabotagem mesmo — quando a Prefeitura de São Paulo (naqueles dias, Gilberto Kassab era considerado adversário; hoje é aliado…) e o governo do estado decidiram intervir na chamada Cracolândia, uma região que havia sido privatizada pelos usuários e traficantes de crack.
O que poderia ser um assunto local, paulistano, ganhou dimensão federal: os ministros Gilberto Carvalho, Maria do Rosário, Alexandre Padilha, além do próprio Cardozo, resolveram se manifestar. Todos, unanimemente, criticando a medida.
E olhem que São Paulo realizou a intervenção ao mesmo tempo em que inaugurava aquele que é o maior centro brasileiro destinado ao tratamento dos viciados: o COMPLEXO PRATES.
Nota à margem: o Rio também interveio na sua maior cracolândia, com um acento mais claramente policial na abordagem, sem inaugurar centro de tratamento nenhum. Os petistas, que lá são governo, ficaram calados. Dolosos.
Internação compulsória
Na sexta-feira, os petistas ensaiaram uma nova polêmica vigarista em São Paulo. O governador Geraldo Alckmin resolveu pôr em prática a internação compulsória de viciados em crack. Em que circunstâncias? Tudo será feito em parceira com o Ministério Público, a Justiça e os médicos. Caso se ateste que o dependente perdeu o controle sobre sua própria saúde, a Justiça poderá determinar a internação. ATENÇÃO! TRATA-SE APENAS DE DAR CONSEQUÊNCIA PRÁTICA A UMA LEI QUE JÁ EXISTE.
Pois bem. Na sexta, Rogério Sotilli tomou posse como secretário Municipal de Direitos Humanos. E se referiu à internação compulsória — QUE JÁ EXISTE NO RIO — e que é defendida por Alexandre Padrilha, ministro da Saúde. O que afirmou o valente? Leiam:
“Vamos trabalhar em outra perspectiva no sentido de valorizar os direitos humanos e construir os caminhos necessários para que essas pessoas saiam do crack, que não pela força. O uso da força não resolve nenhuma situação”.
Trata-se de parolagem, de conversa mole, de papo pra boi dormir. Qual é a “outra perspectiva”? Se existe, por que o governo federal não a coloca em prática? Por que Padilha, o petista federal e pré-candidato ao governo de São Paulo, não diz, então, ao país qual é o caminho alternativo?
O fato é que os petistas não têm caminho nenhum. Alguns de seus capas-pretas, diga-se, como o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), defendem algo bem diferente: a legalização da maconha — que traria consigo, por óbvio, a legalização de todas as drogas.
A fala de Sotilli evoluiu para uma espécie de dolo político, mesmo. Leiam: “Vamos respeitar a vontade dos usuários e incentivá-los a sair da situação em que se encontram com políticas desenvolvidas pelo governo federal”.
“Respeitar a vontade do usuário”??? Houvesse uma forma de dar uma sova moral neste senhor, seria o caso. A “vontade” de um usuário de crack é a não vontade — é consumir… crack!
DE RESTO, A QUE POLÍTICOS DO GOVERNO FEDERAL ELE SE REFERE? A ÚNICA UNIDADE DA FEDERAÇÃO QUE MANTÉM CLÍNICAS PARA TRATAMENTO DE VICIADOS É SÃO PAULO.
Imprensa do nariz vermelho
Paulo Francis dizia que a imprensa que vivia de focinho para os governos tinha o “nariz marrom”. Pensem um pouquinho, e vocês entenderão a metáfora nada lisonjeira. Boa parte da nossa o tem amarronzado, com laivos de vermelho, não é mesmo? Os petistas são tratados como os monopolistas da boa intenção no que concerne às ações sociais, ainda que não façam zorra nenhuma!
Voltem ao noticiário de sexta-feira. A pistolagem moral, disfarçada de jornalismo, voltou ao falso debate sobre o caráter supostamente “higienista” da internação compulsória, como se aqueles pobres diabos que se arrastam pelas ruas, que perderam, como é sabido, até o mais primitivo de todos os direitos — o do domínio sobre o próprio corpo — fossem apenas pessoas que atrapalham, sei lá, o senso “burguês” da ordem. Não! São zumbis, são mortos-vivos, são pessoas gritando por socorro.
O conselheiro Acácio com cara de coxinha
Fernando Haddad, o prefeito de São Paulo, pode ser mais malvadinho do que sugere a sua cara de menino coxinha. Ouvido pela imprensa, mandou ver: “Já me manifestei contrário se não tiver o consentimento da família nem autorização judicial porque estaria ferindo os direitos fundamentais. Tem que ter as cautelas devidas para que não se cometam abusos”.
Bem, então ele estava, de fato, apoiando a decisão de Alckmin, já que a internação compulsória só se fará com a autorização da família ou por decisão judicial. Vale dizer: Haddad, mais uma vez (e não foi a primeira), se disse a favor do óbvio, e sua opinião foi tida como algo único, particular, avançado, progressista… Na semana passada, a imprensa vendeu como novidade uma determinação sua: que a Prefeitura tirasse pessoas de áreas de risco e lhes pagasse um aluguel social. Como se tem feito há muito tempo na Prefeitura. Pareceu coisa inédita.
De todo modo, secretário e prefeito foram tratados por setores vigaristas da imprensa como contrapontos iluministas e progressistas à decisão de Alckmin, sobre quem pesou a suspeita de “higienismo”.
Também no que que concerne às drogas, o petismo se limita a fazer, com o apoio de seus esbirros no jornalismo, a mera guerrilha ideológica. Os viciados e a sociedade brasileira que se danem. No fim das contas, tem-se um receio danado de que as drogas sejam vistas como aquilo que são: um mal a ser combatido. Isso ofende, como é sabido, os maconheiros (entre cultores de outras substâncias) “progressistas”, um setor muito influente na sociedade brasileira — inclusive na imprensa.
Falei tudo? Quase.
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