domingo, 13 de janeiro de 2013

O Japão do tsunami. O Brasil das chuvas


Jornal Nacional - 05/03/2012

Luiz Antonio Barreto de Castro, O Globo

A unidade de destruição ambiental é hoje medida em tsunamis. Já foram, no passado, as erupções vulcânicas, as avalanches, os terremotos. São assim chamados em geologia os fenômenos extremos. Todos de difícil previsão, principalmente os terremotos.
(...)

O que aconteceu no Japão recentemente, em 11 de março de 2011, provocou uma destruição cujos custos o país ainda paga.
Capa recente de um dos números da revista “Science” que assino há décadas mostra um homem em pé ao lado de uma montanha de lixo e destruição. A escala é inacreditável.

No entanto, o Japão praticamente já limpou a área e alguns dirigentes devolveram dinheiro que restou.

Em 2011 tivemos um deslizamento de grandes proporções na Serra Fluminense. Acreditem, o lixo e a lama ainda estão lá!

Dinheiro para prevenção? Quase nada. Isto nos diferencia do Japão.
(...)
No Brasil é possível prever os deslizamentos provocados pelas chuvas, mas não são destinados recursos para a prevenção. Recursos, quando liberados, são usados para recuperação do que foi destruído.
(...)
A prevenção é possível não só pela contenção das encostas, quanto evitando que se construa em áreas de risco, mantendo limpos os bueiros e também estabelecendo reservatórios para armazenar o excesso da água que extravasa dos rios, riachos e ribeirões, como está sendo feito em São Paulo.
Quantos tsunamis serão necessários para termos os recursos e a sua gestão adequada para o controle dos fenômenos extremos?

Luiz Antonio Barreto de Castro é presidente da Sociedade Brasileira de Biotecnologia e foi secretário do Ministério de Ciência e Tecnologia por uma década e meia

Nenhum comentário:

Postar um comentário