quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

A CHANTAGEM DO PT COMO ARMA DE ATAQUE CONTRA A IMPRENSA E A LIBERDADE DE OPINIÃO

LADEIRA ABAIXO

Luiz Garcia, O Globo

A liberdade de imprensa exige proteção permanente. Pelo menos para quem acredita que ela é indispensável em regimes inteiramente democráticos. O advérbio é necessário: existem, mundo afora, regimes definidos como parcialmente democráticos, o que é igual a se dizer que uma mulher está parcialmente grávida.

Outro dia, o presidente do PT, Rui Falcão, fez uma denúncia espetacular: para ele, existe no Brasil uma forte oposição independente dos partidos políticos. Seria formada por setores do Ministério Público e da “mídia monopolizada” — expressão que merece aspas, uma vez que a existência de empresas mais fortes que outras não impede a proliferação de veículos de todos os tamanhos e de posições editoriais de todos os matizes.

A teoria conspiratória de Falcão chega ao extremo quando ele anuncia os supostos motivos da trama diabólica: jornalistas e promotores estariam unidos porque não se conformam com o fato de o Brasil ter sido governado por um presidente operário e, talvez pior ainda, sucedido por uma ex-guerrilheira — ambos ajudados por “setores da mídia monopolizada”.

Os supostos conspiradores, na opinião do enfático petista, estão empenhados em “interditar a política no Brasil, desqualificando-a e abrindo campo para aventuras golpistas”.

O presidente do PT defendeu, numa reunião de sua bancada, empenho numa regulamentação dos artigos da Constituição sobre a liberdade de expressão, e também apoio para o projeto que cria o “marco regulatório da mídia”.

É uma iniciativa de Franklin Martins, quando ministro no governo Lula. Supostamente, ele “amplia a liberdade de expressão”. Na verdade, limita-a — alvo antigo de Franklin, que sempre procurou atingi-lo.
Como curiosidade, vale a pena lembrar que, no mais recente relatório dos Repórteres sem Fronteira — organização internacional reconhecidamente empenhada na defesa da liberdade de imprensa —, o Brasil ficou num lamentável 108º lugar. Há dois anos, era o 99º.

Se for adiante o projeto de Rui Falcão, o rumo é ladeira abaixo.

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