Luiz Garcia, O Globo
Pode-se dizer, sem muito exagero (como se sabe, um pouco de exagero é considerado aceitável, aparentemente por ser inevitável, na imprensa do mundo inteiro) que a bola da vez na política brasileira é o senador alagoano Renan Calheiros.
No momento, ele se refugia no spa gaúcho Kurotel, que por acaso conheço. Posso garantir que é muito bonito e tranquilo; faz muito bem à saúde do corpo e, para quem precisa, também aos nervos. Lamentavelmente, os hóspedes, por assim dizer, depositam seus problemas e aflições ao chegarem, mas essa bagagem espera por eles na saída.
Ao voltar para casa, o presidente do Senado, coitado, terá esperando por ele uma petição que já colheu mais de 1,5 milhão de assinaturas na internet pedindo o seu impeachment. Não há registro de iniciativa popular com esse peso, sem qualquer ligação com partidos e líderes políticos.
É mais impressionante do que a campanha pela Lei da Ficha Limpa. Se alguém não se lembra, ela nasceu de um movimento popular que reuniu mais de um milhão de assinaturas que produziram uma lei aprovada pelo Congresso em 2010 e foi declarada constitucional pelo Supremo Tribunal Federal dois anos depois.
Pois a petição contra Renan — e isso tem importância considerável — leva o jamegão de mais cidadãos do que aquela lei. Pode-se dizer que o povo não esqueceu a força que tem.
Um dos redatores da Lei da Ficha Limpa, o juiz Marlon Reis, comparou os dois movimentos populares e chegou a uma conclusão óbvia: no mínimo, disse ele, esta nova manifestação da vontade popular “vai acender uma luz amarela para o Congresso rever suas práticas”.
Acender luzes, de qualquer cor, costuma ser boa coisa.
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