Quando Sánchez chegou ao local, os ânimos se exaltaram e a blogueira chegou a ser recolhida na sala de diretoria, enquanto o senador Eduardo Suplicy (PT) tentava uma negociação com os manifestantes. Com chapéu com estrela do Che Guevara, o ex-vereador do PT Angel Almeida negociou a mudança do evento: de exibição de documentário a debate, com participação dos militantes.
Quase uma hora depois, a blogueira que pode sair de Cuba após 20 tentativas frustradas, finalmente começou a falar, de pé, por 15 minutos: "Vivo numa sociedade onde opinião é traição", começou. As vaias tomaram mais uma vez o ambiente --o vereador paramentado de Che mais uma vez conteve os ânimos. E foi assim em vários momentos.
A exibição frustrada foi o auge de uma jornada já tumultuada por protestos, que começaram na primeira escala de Sánchez, em Recife --ela teve até o cabelo puxado-- , e seguiram em seu desembarque em Salvador. "Protesto faz parte da democracia, agressividade não", disse Dado Galvão. "É uma cidade pacata", queixou-se. "É o que a 'Veja' disse que ia acontecer".
"Acabou tensionando tudo", admite Jader Dourado, do movimento de bairros de Feira de Santana e que foi candidato a vereador pelo PT na cidade. Ele negou qualquer orientação nacional para a mobilização. "Soubemos da visita e fizemos uma reunião com as organizações na sexta-feira. Era um convite aberto e irrestrito." Na platéia, líderes do protesto no aeroporto de Salvador ajudavam a mobilização local. Entre eles, Caio Botelho, da UJS (União da Juventude Socialista), ligada ao PC do B.
Ambos prometem repetir os protestos na agenda de hoje de Sánchez, que inclui um debate em uma universidade de Feira de Santana. Em São Paulo, para onde Sánchez segue amanhã, os protestos também devem ser organizados, informamram os militantes.
"Todo mundo está se organizando em todo o território", diz Dourado.
(Folha Poder)
"Todo mundo está se organizando em todo o território", diz Dourado.
(Folha Poder)
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