sábado, 2 de fevereiro de 2013

"LAVAR AS MÃOS" PODE SER FATAL




Matéria do jornalista de O Globo trata da facilidade com que Renan Calheiros conseguiu se eleger à presidência do Senado, mas o que me chamou a atenção foi o comentário sobre as abstenções, exatamente o que sempre tento expor em minhas considerações sobre o movimento de protesto mais favorável ao PT de todos os tempos, a onda do VOTO NULO.

Tal qual os quatro senadores que não tiveram coragem de votar no opositor de Renan, possivelmente para deixar claro que não votariam nele, mas também não votariam contra ele, assim faz o eleitor que não vota em ninguém - OU SEJA, não vota no PT mas também não vota contra o PT, o que dá praticamente na mesma, porque o PT tem seus votos garantidos, ao contrário do que acontece com os opositores que dependem do voto do cidadão livre do cabresto vermelho.

"Lavar as mãos" pode ser fatal, a história cristã comprova isso e os equívocos do eleitor brasileiro confirmam essa tese.

APESAR DE TUDO

Merval Pereira, O Globo

Como a vitória do senador Renan Calheiros era tida como inevitável, o importante é entender por que uma candidatura tão polêmica, para dizer o mínimo, que pode levar o Congresso a um enfrentamento com o Supremo Tribunal Federal, teve passagem tão fácil entre seus pares.

A primeira constatação é que a oposição ao que ele representa ficou abaixo do prometido aos organizadores da anticandidatura de Pedro Taques, do PDT.

Ele recebeu 18 votos quando estava apoiado, teoricamente, pelos votos da oposição (11 do PSDB e 4 do DEM) e mais o dissidente PDT (5 votos), o PSB (4 votos), um do PSOL e pelo menos dois votos dissidentes do PMDB, de Pedro Simon e Jarbas Vasconcellos. Se contarmos os dois votos em branco e os dois nulos como expressões contrárias à candidatura oficial, teríamos um total de 22 votos, quando deveria haver no mínimo 27.

Os votos em branco e nulos, aliás, são expressão concreta de como o corporativismo controla a Casa, pois, mesmo no voto secreto, esses quatro senadores não tiveram a coragem de votar no opositor. Pode ser até que tenham combinado com Renan Calheiros votar dessa maneira para deixar claro que não votariam contra ele.

Outra questão a ser analisada é como os senadores não têm qualquer tipo de preocupação com as manifestações da opinião pública. Uma das explicações possíveis é que, dos eleitores de ontem, nada menos que 21 eram suplentes sem voto, isto é, sem nenhuma ligação direta com o eleitorado.
(...)

Um abaixo-assinado na internet, de movimentos da sociedade civil, arregimentou mais de 300 mil assinaturas contra a indicação de Renan Calheiros, mas não houve repercussão interna.


Vários manifestantes apareceram em Brasília, mas também não mexeram com a tendência dos senadores-eleitores, motivados por interesses outros que não os da sociedade. As candidaturas do PMDB acabaram se transformando em motivos de luta política para a base governista, especialmente para o PT, que passou a tratá-las como fundamentais para o projeto governista.

Não houve dissidências no PT, que assumiu Renan como um companheiro que está sendo atacado por uma “ofensiva midiática”, como definiu o ex-ministro José Dirceu, condenado por corrupção passiva e formação de quadrilha pelo STF.

Renan foi elevado à condição de grande personagem da História brasileira, que estaria sendo atacado por ser da base da presidente Dilma. As denúncias do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, contra ele passaram a ser tratadas como parte do mesmo complô moralista que estaria sendo montado contra o governo popular petista.

O verdadeiro samba do crioulo doido leva a que certas confusões sejam feitas.

Leia a íntegra em Apesar de tudo

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