terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

POVO NÃO DÁ CONTA DE BANCAR A ECONOMIA, HORA DO GOVERNO TRABALHAR

Retração industrial manda recado ao Planalto (Editorial)

O Globo

Uma parcela do “pibinho” de 2012 foi conhecida com a informação, liberada pelo IBGE, de que a produção industrial caiu 2,7% no ano. Apenas em dezembro, a queda, em relação ao mesmo mês de 2011, foi, inclusive, maior (3,6%).

Além de, nos últimos tempos, só não ter superado a recessão industrial de 2009 — resultado do tranco causado na economia mundial pela eclosão da crise a partir de Wall Street —, 2012 fez a produção da indústria retroceder a patamares pré-crise: ficou 4,5% abaixo da produção de setembro de 2008, quando a falência do Lehman funcionou como faísca de ignição do tumulto global.

O mau resultado do ano passado é forte recado ao governo, com a mesma mensagem que vem sendo transmitida com insistência há meses: o crescimento econômico por meio do consumo se esgotou, assim como pela via da política monetária (juros) — aliás, registrado em ata pelo próprio Copom.

Vale, ainda, recordar que, durante muito tempo, emanou do Ministério da Fazenda a tese de que tudo estaria resolvido caso o câmbio voltasse para acima do patamar do R$ 2 (por dólar). O real valorizado estaria “desindustrializando” o país — tese polêmica, pois a indústria perde participação no PIB em todo o mundo — e corroendo o que restava de competitividade das exportações.

O governo, então, “sujou” ainda mais a flutuação cambial, e colocou o dólar na faixa supostamente salvadora, acima dos R$ 2. Mas não deu certo. O “pibinho” industrial comprovou que a economia brasileira não é mais aquela da ditadura militar, em que minidesvalorizações diárias compensavam parte das deficiências do país.

Hoje, com um parque produtivo mais conectado ao exterior, abastecido por linhas de suprimento transnacionais, as desvalorizações cambiais parecem ter um efeito inflacionário maior. Desanimador para quem esperava contornar as precariedades nacionais com a velha ferramenta cambial.

Já o esgotamento do modelo lastreado no consumo é ainda mais visível, basta acompanhar o endividamento das famílias e as taxas de inadimplência — em alta.

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