Sem confronto de valores, não há oposição possível
Reinaldo Azevedo
(...) Dilma tem tudo
para se eleger no primeiro turno em 2014, feito que nem Lula conseguiu
nas duas jornadas em que venceu. (...) Sim, caros, há elementos inerentes à
própria narrativa, que independem de armações e circunstâncias, que
explicam esse resultado. Mas é claro que há também, como chamarei?, um
buliçoso movimento dos espertos. Falemos um pouco das espertezas. Depois
volto às questões de fundo.
As circunstâncias
Dilma
apareceu na TV no dia 8 de março — Dia Internacional da Mulher — para
anunciar a DESONERAÇÃO (?) dos produtos da cesta básica. Pouco antes, havia
feito o anúncio, batendo bumbo, da redução da TARIFA DE ENERGIA. Naquele
mesmo dia 8, o Ibope havia começado a colher os dados sobre a sua
popularidade, que prosseguiu, segundo o instituto, nos dias 9 e 10 — os
dados só seriam anunciados dez dias depois, a 19 de março.
Assim, com
o noticiário, inclusive o da TV, tomado pela tal desoneração, com
direito a pronunciamento oficial, o Ibope foi a campo: “O que você acha
de Dilma?” O resultado foi aquele que se viu. Nem poderia ser diferente.
Sua popularidade havia, é evidente, crescido. Na quarta e na quinta, 20
e 21 de março, os números recordes da presidente ganharam grande
destaque: para 63%, o governo é ótimo ou bom; 79% aprovam seu jeito de
governar.
Também
nesta quarta e quinta, enquanto a imprensa e as redes sociais estavam
inundadas com essas notícias, aí foi a vez de o Datafolha fazer a sua
pesquisa, esta de intenção de voto. Bidu! Dilma cresceu de 54% em
dezembro para 58% agora; Marina e Aécio oscilaram dois pontos para baixo
— 16% ela, apenas 10% ele. Quem oscilou dois para cima foi Eduardo
Campos, que aparece com 6%. Ah, sim: um dia antes de o Datafolha fazer
suas entrevistas, a imprensa brasileira havia dado grande destaque ao
encontro de Dilma com o papa Francisco. Como se sabe, ela deslocou a
Corte de Dario para Roma, gastando mais ou menos meio milhão de reais em
três dias.
Quem se importa?
Falta
coisa. O Ibope, que, segundo afirmou, foi a campo entre 8 e 10 para
fazer a avaliação de Dilma para a CNI, voltou às ruas, nesse clima de
oba-oba, entre os dias 14 e 18, aí a serviço do Estadão, que também
publica neste sábado uma pesquisa.
(...)
“Ah, mas o
povo vive bem!” Ainda que isso fosse uma verdade absoluta — e ouso
dizer que não é (mas não me estenderei agora sobre a tal “classe média”
com renda per capita acima de R$ 300… é piada!) —, é evidente que
sobraria espaço para a oposição, não é?
Leia a íntegra AQUI.
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