Celso Ming, O Estado de S. Paulo
Dilma. ‘Sem tolerância’ (FOTO: ANDRE DUSEK/ESTADAO)
Em entrevista
aos jornalistas brasileiros em Durban (África do Sul), onde se
encontrava para a cúpula dos Brics, a presidente Dilma Rousseff fez
declarações sobre a inflação e sobre a estratégia de contra-ataque do
governo que trombavam frontalmente com o que vem sendo dito pelo Banco
Central.
Foram afirmações feitas horas antes da divulgação do
Relatório de Inflação (que sai nesta quinta-feira), documento trimestral
pelo qual o Banco Central transmite seu diagnóstico da inflação e diz
como pretende controlá-la.
Depois que o conteúdo da entrevista foi
conhecido pelo mercado financeiro e que já fazia estragos no mercado
futuro de juros, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, em
nome da presidente Dilma, reafirmou a disposição do Banco Central em
combater a alta da inflação com a veemência devida: “Não há tolerância
em relação à inflação”.
Horas depois, a própria presidente voltou a
convocar os jornalistas brasileiros para denunciar a “manipulação da
notícia” e deixou claro o que não tinha ficado antes: que, para ela, “o
combate à inflação é um valor em si”.
Nas declarações que entendeu
terem sido manipuladas, Dilma dissera que o aumento da inflação que aí
está é produto de choques externos e que seu governo não vai adotar
nenhuma política que sacrifique o crescimento econômico e o emprego.
Ficou
entendido, assim, que o recuo da inflação viria espontaneamente e que a
política monetária (política de juros) não deveria ser acionada pelo
Banco Central para empurrar a inflação para dentro da meta.
A
ênfase dada pela presidente Dilma às causas externas da inflação não
explica por que esses choques de oferta de alimentos, gerados pela seca
que derrubou as safras dos Estados Unidos no ano passado, só provocaram
toda essa inflação no Brasil – e não também em outros países emergentes.
Leia mais em Declarações e desmentidos
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