Por Reinaldo Azevedo
Os
pistoleiros de Cristina Kirchner, Horacio Verbitsky em particular, bem
que tentaram, mas sem sucesso: o papa Francisco caiu no gosto popular.
Em menos de uma semana, uma igreja que parecia acuada – e tem mesmo
muita coisa a resolver – se mostra rejuvenescida e aberta ao povo. E sem
fazer concessões em matéria de doutrina, porque não se ouviu ainda
nenhuma palavra da boca do papa que possa sugerir algo diferente. Ao
contrário: deixou claro que o poder que a Igreja exerce é espiritual,
não político.
Os ditos teólogos da libertação e aquela gente que se
aboletou na sacristia para fazer proselitismo ideológico estão amuados.
Os oportunistas que pretendiam responder às dificuldades transformando a
instituição numa mera ONG piedosa quebraram a cara. O artífice do que
pode ser, vamos ver se será, uma grande virada é Bento XVI. Demonstra,
assim, que continua a ser mais efetivo atuando nos bastidores do que
propriamente na ribalta. Foi o grande esteio de João Paulo II, mas não
tinha um cardeal Joseph Ratizinger que pudesse fazer por ele o que fez
pelo outro.
Neste
domingo, num movimento que já se sabe estudado, Francisco foi ao
encontro da multidão, quebrando o protocolo e deixando os seguranças um
pouco aturdidos. Todos queriam tocar no Santo Padre, abraçá-lo,
beijá-lo. Os testemunhos sobre o cotidiano do cardeal Jorge Bergoglio em
Buenos Aires indicam ser ele essa pessoa austera, mas afável.
Os tais
pistoleiros de Cristina – alguns disfarçados de jornalistas; outro, de
acadêmicos – apontam o suposto “populismo” do novo papa. Sempre que um
pau-madado daquela senhora acusa alguém de populista, até a hipocrisia
se escandaliza. “Populista” por quê? O que tem o papa a oferecer em
troca da “fidelidade” do povo? Espera-se que a entronização de amanhã
possa reunir até 1 milhão de pessoas nas ruas.
É claro
que essa imagem positiva do papa pode se desfazer se escândalos
continuarem a desafiar a Igreja sem que haja uma resposta exemplar e
eficaz. Mas é justamente nesse caso que confio, se me permitem, mais no
“jesuíta” do que no “papa” propriamente, mais no missionário do que na
autoridade puramente espiritual. Eis uma ordem que há quase 500 anos não
brinca em serviço e que sabe, mais do que nenhuma outra, que a
disciplina liberta.
Perdão
Neste domingo, durante o Ângelus, papa Francisco sintetizou
assim a importância no perdão na vida cristã: “Deus não se cansa de
perdoar; nós é que cansamos de pedir perdão”.
Pode ser uma divisa de seu
pontificado. A Igreja ama o pecador, não o pecado; acolhe o
transgressor, não a transgressão.
Em tempos um tanto brutos, de um
pragmatismo às vezes xucro, não é uma concepção muito fácil de
assimilar. Os que já somos mães e pais, no entanto, talvez nos
aproximemos mais dessa verdade. Os pais, desde que plenamente
convencidos de sua tarefa, jamais desistem de seus filhos, não é assim?
Não anuímos com as suas falhas, mas os abraçamos, porque, sem o perdão,
não pode haver a disciplina do amor.
Francisco reforça uma Igreja que não exclui ninguém, sem, no entanto, deixar de ser o que é.
Sim, temos papa!
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