quinta-feira, 7 de março de 2013

DILMA VETOU A LEI DOS ROYALTIES PARA QUE FOSSE "DESVETADA". AGRADOU E ENGANOU A TODOS

Royalties – Os dois apelos ao Supremo podem ser inúteis. Ou: Querem que o Supremo ocupe o lugar dos políticos. Está errado!

Por Reinaldo Azevedo

Parlamentares do Rio e de São Paulo vão recorrer ao Supremo mais uma vez para declarar inconstitucional a sessão de ontem que derrubou os vetos da presidente Dilma à Lei dos Royalties. Acho que será perda de tempo. Vai servir para produzir calor, mas vai gerar pouca luz. Duvido que o tribunal decida entrar nessa parada. Isso, sim, seria uma interferência indevida de um Poder no outro. Também os estados produtores, especialmente Rio e Espírito Santo, anunciam que recorrerão ao tribunal alegando que a nova lei é inconstitucional. Já disse o que acho: errada ela pode ser — e eu acho que é —, mas “inconstitucional”? Aí já é forçar a barra. Anteontem à noite, expliquei por quê. 

Reproduzo texto, que acabou engolido por algo muito menos importante: a morte do ditador Hugo Chávez.
O fato é o seguinte: uma parte do Congresso — representantes dos estados produtores — e outras lideranças políticas do Rio e do Espírito Santo estão querendo que o Supremo faça o que os políticos, incluindo Lula e Dilma, não fizeram.

Releiam  ou leiam na íntegra clicando no título. 
Trechos abaixo:
(...)
Vamos lá. EU e mais alguns tantos nos opusemos com clareza à lei aprovada pelo Congresso. 
Mas e Lula quando presidente? Foi na sua sua gestão que se pariu essa estrovenga. 
E Dilma quando candidata, a chefona da infraestrutura? 
Nem ele nem ela quiseram comprar uma briga que tinha óbvios desdobramentos eleitorais. Ao contrário: foram empurrando com a barriga e permitiram que o sentimento supostamente igualitarista ganhasse o Congresso. 
Ora, deputados e senadores estão lá, também, para tentar garantir um quinhão maior a seus respectivos estados. Dependem do voto. Para que um Parlamento não seja uma luta fratricida de estados e regiões é que serve a POLÍTICA.  
O Planalto deveria ter construído um outro consenso. Eximiu-se.
 
Os estados produtores apostaram tudo em eventos que ganharam ampla cobertura da imprensa, nos dons histriônicos de Sérgio Cabral, governador do Rio (que chorou copiosamente quando a nova lei foi aprovada), e no veto da presidente Dilma Rousseff. 

Bem, ela, que não havia feito nada até então, vetou, sim, mas sabendo que a chance de o veto ser derrubado seria gigantesca.  

Notem: se o governo atuou pouco para impedir a aprovação da lei, pouco fez também desta feita. Dilma vetou artigos da nova lei não porque tivesse um lado, uma opinião, uma tese. Vetou por equilibrismo: ficava bem com os estados produtores, sabendo que os não-produtores acabariam por fazer valer a sua vontade.

A isso chamo “falência da política”. Em nenhum momento o Planalto entrou para valer e disse o que queria.
(...)

Eis aí… O Supremo acabará arcando com um peso que caberia aos políticos. Se houver alguma coisa nos contratos que leve a um entendimento em favor do pleito dos estados produtores, os demais lastimarão a decisão dos ministros. Se não houver, e duvido que haja, eles terão de fazer valer a Constituição, e os estados produtores vão reclamar.
Enquanto isso, Dilma poderá fingir que fez a sua parte. Não fez. Nem ela nem Lula, quando lhe coube.

Nenhum comentário:

Postar um comentário