Politização do pré-sal
Merval Pereira, O GloboA perda, pelos estados produtores, dos royalties do petróleo decretada por revolução congressual provocada por uma ganância desmedida, que não vai resolver problema algum dos estados não produtores, mas provocará prejuízos graves a Rio de Janeiro, Espírito Santo e, em menor medida, São Paulo, foi causada pela politização da descoberta do pré-sal levada a cabo pelo ex-presidente Lula.
O especialista Adriano Pires, da consultoria Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), diz que o ex-presidente, ao anunciar a descoberta do pré-sal, politizou todas as decisões que foram tomadas no setor de petróleo dali para a frente, e, com isso, surgiram várias vítimas dessa atitude populista. As principais foram a Petrobras, os produtores de etanol e o Estado.
Do anúncio do pré-sal para cá, ele lembra, congelaram o preço da gasolina, enterraram o projeto Arábia Saudita Verde, que levaria o país a ser o maior produtor de biocombustíveis do mundo, e criaram uma guerra federativa com a discussão da distribuição dos royalties. Ou seja, o pré-sal que, segundo Lula, só produziria vencedores, até agora só criou vítimas.
O governador Sérgio Cabral me enviou uma mensagem, a propósito da coluna de ontem (A discórdia vence), em que o critiquei por ter acreditado demais em Lula e não ter notado que, na mudança do marco regulatório, estava a semente para a alteração da distribuição dos royalties que agora se consumou, lembrando que sempre foi contra essa mudança.
Ele tem razão, embora sua luta contra a adoção do modelo de partilha em substituição ao sistema de concessão não tenha sido vitoriosa. Melhor seria dizer que não teve força política para evitar o novo modelo, que ele mesmo chamou de “patriotada”, criticando-o duramente.
Eu mesmo aqui na coluna relatei uma reunião no Palácio da Alvorada em que o governador Cabral foi acalmado várias vezes por Lula e teve uma discussão com o então ministro da Comunicação Social, Franklin Martins, que defendia a mudança para o sistema de partilha dando como exemplo de sucesso do modelo a Líbia, então chefiada por Kadafi, arrancando uma risada de Cabral.
Leia a íntegra em Politização do pré-sal
Nenhum comentário:
Postar um comentário