Dora Kramer, O Estado de S.Paulo
É como se
diz: de boas intenções o inferno está cheio. A presidente Dilma Rousseff
não teve - isso fica evidente no exame do contexto da declaração - o
propósito de pregar a lógica da terra de ninguém em períodos de
campanhas eleitorais.
"Se a gente está no exercício do mandato,
temos que nos respeitar porque fomos eleitos pelo voto direto do povo
brasileiro", disse a presidente durante encontro com prefeitos e o
governador da Paraíba ao defender a ideia de que "desde o início do
governo Lula" mudou a forma de relacionamento do governo federal com os
partidos.
Segundo ela, o tratamento é igual para todas as
administrações, independentemente de serem comandadas por governistas ou
oposicionistas. Até aí, nada demais, a não ser o distanciamento da
realidade pintada com cores mais leves do que na verdade se apresenta.
No cotidiano, prefeitos e governadores não fazem declarações de caráter
crítico na política justamente para não correrem o risco da retaliação
política.
Há prestadores de serviços ao governo federal que
recentemente foram sutilmente alertados de que não estavam sendo bem
vistas tentativas de aproximação deles com a equipe do governador de
Pernambuco Eduardo Campos, do PSB, por causa de possível candidatura à
Presidência.
Se tivesse parado na defesa de sua isenção, Dilma
teria incorrido apenas no pecadilho da inverdade oratória. Mas a
presidente resolveu dizer mais e aí contrariou a tese que acabara de
defender e traiu o dever de, como governante, guardar a devida
reverência às regras.
"Nós podemos fazer o diabo quando é hora de
eleição", afirmou a presidente, talvez referida no exemplo de seu
antecessor e criador, Luiz Inácio da Silva que, de fato, fez o diabo a
quatro para elegê-la: usou o cargo, abusou da máquina, afrontou a
Justiça Eleitoral e contrariou seu juramento de posse de prestar
obediência à Constituição.
Leia mais em Nem tanto às chamas
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário