Yvonne Maggie
Assim é impossível!!! Que desgraça!!! Como fazer para que os pobres
recebam um tratamento digno? Os sobreviventes do morro do Bumba em
Niterói não mereciam isso.
Depois de viverem há quase três anos, desde a
tragédia que vitimou tantas pessoas em 2010, em quartos improvisados no
Batalhão de Infantaria em São Gonçalo, estavam felizes diante da
possibilidade de ir para um conjunto de prédios do programa “Minha casa
minha vida” no bairro do Fonseca, em junho próximo. Foi uma longa
espera, mas valeria a pena.
Mal sabiam eles que a maldade humana é infinita e que sua desgraça
não terminaria. Descobriram esta semana que os prédios onde iam morar
apresentavam rachaduras e alguns estavam tortos, prestes a cair. As
fotografias veiculadas pelos jornais são impressionantes.
A Caixa Econômica Federal financiou o projeto liberando 27 milhões à
construtora Imperial Serviços Ltda. Chamado um especialista em
estruturas e conselheiro do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia
(Crea-RJ) para avaliar a monstruosidade, ele disse simplesmente o óbvio:
“Não precisa ser um engenheiro para observar que houve uma falha do
projeto. Os prédios afetados ficam justo em cima do caminho preferencial
por onde corriam as águas que desciam do terreno”, como noticiou o
jornal O Globo de hoje, 22 de março.
Com tanta fiscalização ninguém notou que a estrutura dos prédios não
iria aguentar em cima de um solo por onde passa a água que corre do
barranco? Não viram, não quiseram saber ou simplesmente não se
incomodaram?
Gente! Não é possível! Esse é o tratamento preferencial para os
pobres? Por que tratar assim os que já têm tão pouco? Fica evidente a
terrível expressão da dominação de classe na qual vivemos. Quem
defenderá os sobreviventes das enchentes dos responsáveis por evitar
tragédias anunciadas, mas que em vez disso continuam transformando vidas
humanas em vidas humanas miseráveis?
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