segunda-feira, 25 de março de 2013

O morro do Bumba e a violência contra os pobres

Yvonne Maggie


Assim é impossível!!! Que desgraça!!! Como fazer para que os pobres recebam um tratamento digno? Os sobreviventes do morro do Bumba em Niterói não mereciam isso.

Depois de viverem há quase três anos, desde a tragédia que vitimou tantas pessoas em 2010, em quartos improvisados no Batalhão de Infantaria em São Gonçalo, estavam felizes diante da possibilidade de ir para um conjunto de prédios do programa “Minha casa minha vida” no bairro do Fonseca, em junho próximo. Foi uma longa espera, mas valeria a pena.

Mal sabiam eles que a maldade humana é infinita e que sua desgraça não terminaria. Descobriram esta semana que os prédios onde iam morar apresentavam rachaduras e alguns estavam tortos, prestes a cair. As fotografias veiculadas pelos jornais são impressionantes.

A Caixa Econômica Federal financiou o projeto liberando 27 milhões à construtora Imperial Serviços Ltda. Chamado um especialista em estruturas e conselheiro do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-RJ) para avaliar a monstruosidade, ele disse simplesmente o óbvio: “Não precisa ser um engenheiro para observar que houve uma falha do projeto. Os prédios afetados ficam justo em cima do caminho preferencial por onde corriam as águas que desciam do terreno”, como noticiou o jornal O Globo de hoje, 22 de março.

Com tanta fiscalização ninguém notou que a estrutura dos prédios não iria aguentar em cima de um solo por onde passa a água que corre do barranco? Não viram, não quiseram saber ou simplesmente não se incomodaram?

Gente! Não é possível! Esse é o tratamento preferencial para os pobres? Por que tratar assim os que já têm tão pouco? Fica evidente a terrível expressão da dominação de classe na qual vivemos. Quem defenderá os sobreviventes das enchentes dos responsáveis por evitar tragédias anunciadas, mas que em vez disso continuam transformando vidas humanas em vidas humanas miseráveis?

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