O jornal britânico Financial Times aproveitou o
resultado frustrante do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro de 2012
para ironizar o governo – sobretudo a figura do ministro da Fazenda,
Guido Mantega, que teima em fazer previsões inatingíveis para a economia
brasileira.
“O Brasil vai crescer entre 3% e 4% em 2013! E isso quem
diz é Guido Mantega, o ministro da Fazenda, também conhecido como
‘Guido, o Vidente’, então deve ser verdade”, informava o site do jornal,
em artigo cujo título era “O disco quebrado de Guido Mantega”.
Segundo o
FT, o otimismo persistente do ministro não tem colaborado para a melhora
da credibilidade do governo. “É compreensível que o Mantega esteja na
defensiva depois que o IBGE publicou outro conjunto de dados frustrantes
nesta sexta”, escreveu o jornal, ressaltando também a importante queda
na taxa de poupança e investimentos na economia brasileira, mostrada
também pelo IBGE. A taxa de poupança ficou em 14,8% do PIB, ante o
porcentual de 17,2% em 2011. Já a de investimentos terminou o ano em
18,1% do PIB, ante 19,3% no ano anterior.
O jornal
afirma que os resultados de 2012 mostram a realidade que muitos temiam
que ocorresse: ao cortar gastos públicos para equilibrar as contas, em
vez de reduzir as despesas correntes e o tamanho da máquina pública, o
governo acabou prejudicando os investimentos e afugentando os
empresários. “O Brasil deu início a uma série de iniciativas para
impulsionar o investimento de novo, mas todas deram pouco ou nenhum
resultado”, diz o FT. “Nada disso, no entanto, tirará o sorriso da cara
de Mantega”.
Bons
ventos - A crítica do FT se refere às declarações do ministro nesta
sexta-feira, após uma conversa com a presidente Dilma na noite de
quinta-feira. Mantega demonstrou otimismo – em alguns momentos exagerado
– com a situação atual da economia brasileira. Para ele, os dados
preliminares do primeiro trimestre mostram um nível de atividade em
recuperação, repetindo o desempenho do quarto trimestre. O Índice de
Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) subiu 0,62% do terceiro
para o quarto trimestre de 2012. O ministro espremeu os dados e reforçou
que as vendas no varejo continuam em alta.
O consumo
foi o modelo de crescimento escolhido pelo governo para empurrar a
expansão da economia brasileira nos últimos anos, mas a estratégia
parece mostrar sinais de esgotamento.
No segundo semestre do ano
passado, houve uma perda constante no indicador, que teve retração de
0,5% em dezembro ante novembro. Mesmo assim, fechou em 8,4% no ano,
segundo o IBGE. Mas, como no início do ano passado, quando previu um
crescimento robusto, o tal “pibão” que a presidente Dilma tanto cobra,
Mantega repetiu o discurso agora. “O crescimento para este ano ficará
entre 3 e 4%”, afirmou.
Desde o
segundo governo de Getúlio Vargas, em 1951, a média de crescimento do
biênio inicial de Dilma Rousseff só é melhor que o mesmo período de
Fernando Collor de Mello, quando a economia brasileira estava em
recessão. Para se defender, Mantega afirma que não é correto fazer
comparação com o passado, principalmente porque desde 2003 os governos
Lula e Dilma elevaram o patamar de crescimento médio da economia
brasileira. “Criamos condições para que o crescimento volte ao patamar
de 4%”, reforçou.
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