Márcia De Chiara, Estadão
Apesar de o País
colher neste ano uma safra recorde de 185 milhões de toneladas de grãos,
os preços dos alimentos foram o principal foco de pressão inflacionária
nos últimos 12 meses. Daqui para frente, o comportamento dos preços do
tomate, da batata, do arroz e do feijão será o fiel da balança na
decisão do Banco Central (BC) de aumentar os juros básicos para que a
inflação não supere o teto da meta de 6,5% prevista para este ano.
Em
12 meses até março, os preços dos alimentos ao consumidor descolaram da
inflação em geral e subiram mais de 30%. Enquanto o Índice de Preços ao
Consumidor Amplo (IPCA)-15 subiu 6,43% até março, os preços das frutas,
verduras e legumes acumularam altas de 33,36% e os dos cereais, que
incluem arroz e feijão, de 34,09%, revela um estudo feito pelos economistas da Universidade de São Paulo (USP), Heron do Carmo e Jackson Rosalino.
(...)
Só o tomate mais que dobrou de preço nos últimos 12 meses, com alta de
105,87%. A trajetória dos preços de outros alimentos foi semelhante. A
batata, por exemplo, ficou 86,51% mais cara em 12 meses até março, a
farinha de mandioca subiu 140,57% e a cebola, 58,83%.
Heron observa que não é a primeira vez que os preços dos alimentos se
descolam do índice geral de inflação. Movimento semelhante ocorreu em
março de 2008. De lá para cá, nada foi feito. "Falta política agrícola e
de abastecimento de longo prazo para esses produtos. Há um descuido com
essa parte dos alimentos de consumo doméstico", diz o economista.
Leia mais em Alta de alimentos chega a 34% no ano
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