Eduardo Campos, o encontro com Serra e reações fora do lugar
Reinaldo Azevedo
O
tucano José Serra e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB),
que pode se candidatar à Presidência, estiveram juntos na sexta-feira.
Os tucanos ligados ao senador Aécio Neves (PSDB-MG) não gostaram. Em
algum lugar, li que Aécio teria ficado “estarrecido”. Por quê? Não
consta que um tenha de pedir licença ao outro para conversar com quem
bem entender. Os petistas gostaram menos ainda. Os dois grupos tem lá os
seus motivos.
Serra foi
alijado das decisões do PSDB. Sérgio Guerra, presidente da legenda,
Aécio e FHC atuaram como se não existisse partido em São Paulo. Isso é
fato, não boato.
O próprio Geraldo Alckmin, que administra um terço do
PIB, foi tratado como figura de segunda grandeza. Não é um bom caminho.
Se não havia “candidato natural” em 2002, 2006 e 2010, por que haveria
em 2014? O que mudou? O apressadinho responderia: “Pois é… Aquela demora
toda não deu em boa coisa…”. Errado! O que não deu em boa coisa foi o
partido rachado: em 2002, em 2006 e em 2010. E, definitivamente, não
está unido hoje.
“Então
Serra se encontrou com Campos para pressionar Aécio?” Pelo visto, não!
Parece que a intenção não era tornar pública a conversa, justamente para
evitar especulações. Na segunda, o senador mineiro e o ex-governador
estiveram juntos. Segundo li, combinaram de não combinar nada. Na terça,
os jornais amanheceram com os, como chamarei?, “diktats” do PSDB de
Minas sobre o futuro de Aécio, o futuro do PSDB e, pasmem!, sobre o
futuro de Serra também. Ou por outra: enquanto o mineiro e o paulista
conversavam, setores da imprensa, muito bem pautados, trabalhavam… Isso
não dá certo. Escrevi a respeito.
Conforme o
esperado, alguns tontos vieram me assediar aqui: “Olhem, Reinaldo não
quer Aécio presidente…”. Quero o PT derrotado, nunca escondi. Se Aécio
puder ser o nome a realizar esse intento, ótimo! Ocorre que os tucanos
tomaram a trilha errada. Digam-me cá: se Campos queria conversar com
Serra, ele deveria ter feito o quê? “Ah, não, eu sou tucano. Não posso!”
Ou então: “Vou primeiro consultar Sérgio Guerra… Como ele está sempre
interessado no que penso, preciso ouvir a sua opinião”. Ora…
Não sei o
teor da conversa. Duvido que tenha versado sobre alguma forma de aliança
ou cooptação. E por que duvido? Porque é muito cedo para isso. Nem é
certo ainda que Campos vá mesmo se candidatar. Deem uma boa razão para
que o governador de Pernambuco não ouça a opinião de quem já foi
deputado, senador, secretário de estado, ministro, prefeito da capital,
governador de São Paulo e duas vezes candidato à Presidência. Mais:
goste-se ou não do que pensa, tem um pensamento.
Algumas de suas
antevisões sobre a economia brasileira estão se cumprindo com precisão
cirúrgica.
À Folha,
Serra declarou que a eventual candidatura de Campos “é boa para o Brasil
e boa para a política”. Poderia ter acrescentado que também é boa para a
oposição. Seja quem for o candidato do PSDB — só não será Aécio caso
ele desista, tudo indica —, a presença do agora governador de Pernambuco
no pleito pode ser a condição para que haja um segundo turno na
disputa. Em vez de os tucanos se dedicarem a novas teorias
conspiratórias, deveriam é torcer para que ele se candidate mesmo. Mas é
evidente que há o risco de que seja ele a disputar o segundo turno.
O PT
Os petistas também ficaram chateados com o encontro.
Parece que
Serra continua a ser o único oposicionista que os incomoda — é curioso
isso!
O deputado Paulo Teixeira (PT-SP), secretário-geral do PT, saiu
anunciando aos quatro ventos que a popularidade de Dilma derruba a
candidatura de Campos porque o voto do Nordeste é “petista e dilmista”.
Chegou mesmo a aconselhá-lo a desistir. Então… Com tantas certezas, os petistas poderiam ficar mais tranquilos, não é?
Para arrematar
“E o PSDB, Reinaldo?” Não me façam perguntas fáceis, por favor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário