sexta-feira, 22 de março de 2013

REAÇÕES FORA DO LUGAR

Eduardo Campos, o encontro com Serra e reações fora do lugar

Reinaldo Azevedo

O tucano José Serra e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), que pode se candidatar à Presidência, estiveram juntos na sexta-feira. Os tucanos ligados ao senador Aécio Neves (PSDB-MG) não gostaram. Em algum lugar, li que Aécio teria ficado “estarrecido”. Por quê? Não consta que um tenha de pedir licença ao outro para conversar com quem bem entender. Os petistas gostaram menos ainda. Os dois grupos tem lá os seus motivos.

Serra foi alijado das decisões do PSDB. Sérgio Guerra, presidente da legenda, Aécio e FHC atuaram como se não existisse partido em São Paulo. Isso é fato, não boato.  

O próprio Geraldo Alckmin, que administra um terço do PIB, foi tratado como figura de segunda grandeza. Não é um bom caminho. Se não havia “candidato natural” em 2002, 2006 e 2010, por que haveria em 2014? O que mudou? O apressadinho responderia: “Pois é… Aquela demora toda não deu em boa coisa…”. Errado! O que não deu em boa coisa foi o partido rachado: em 2002, em 2006 e em 2010. E, definitivamente, não está unido hoje.

“Então Serra se encontrou com Campos para pressionar Aécio?” Pelo visto, não! Parece que a intenção não era tornar pública a conversa, justamente para evitar especulações. Na segunda, o senador mineiro e o ex-governador estiveram juntos. Segundo li, combinaram de não combinar nada. Na terça, os jornais amanheceram com os, como chamarei?, “diktats” do PSDB de Minas sobre o futuro de Aécio, o futuro do PSDB e, pasmem!, sobre o futuro de Serra também. Ou por outra: enquanto o mineiro e o paulista conversavam, setores da imprensa, muito bem pautados, trabalhavam… Isso não dá certo. Escrevi a respeito.

Conforme o esperado, alguns tontos vieram me assediar aqui: “Olhem, Reinaldo não quer Aécio presidente…”. Quero o PT derrotado, nunca escondi. Se Aécio puder ser o nome a realizar esse intento, ótimo! Ocorre que os tucanos tomaram a trilha errada. Digam-me cá: se Campos queria conversar com Serra, ele deveria ter feito o quê? “Ah, não, eu sou tucano. Não posso!” Ou então: “Vou primeiro consultar Sérgio Guerra… Como ele está sempre interessado no que penso, preciso ouvir a sua opinião”. Ora…

Não sei o teor da conversa. Duvido que tenha versado sobre alguma forma de aliança ou cooptação. E por que duvido? Porque é muito cedo para isso. Nem é certo ainda que Campos vá mesmo se candidatar. Deem uma boa razão para que o governador de Pernambuco não ouça a opinião de quem já foi deputado, senador, secretário de estado, ministro, prefeito da capital, governador de São Paulo e duas vezes candidato à Presidência. Mais: goste-se ou não do que pensa, tem um pensamento. 

Algumas de suas antevisões sobre a economia brasileira estão se cumprindo com precisão cirúrgica. 

À Folha, Serra declarou que a eventual candidatura de Campos “é boa para o Brasil e boa para a política”. Poderia ter acrescentado que também é boa para a oposição. Seja quem for o candidato do PSDB — só não será Aécio caso ele desista, tudo indica —, a presença do agora governador de Pernambuco no pleito pode ser a condição para que haja um segundo turno na disputa. Em vez de os tucanos se dedicarem a novas teorias conspiratórias, deveriam é torcer para que ele se candidate mesmo. Mas é evidente que há o risco de que seja ele a disputar o segundo turno.

O PT 
Os petistas também ficaram chateados com o encontro. 

Parece que Serra continua a ser o único oposicionista que os incomoda — é curioso isso! 

O deputado Paulo Teixeira (PT-SP), secretário-geral do PT, saiu anunciando aos quatro ventos que a popularidade de Dilma derruba a candidatura de Campos porque o voto do Nordeste é “petista e dilmista”. Chegou mesmo a aconselhá-lo a desistir. Então… Com tantas certezas, os petistas poderiam ficar mais tranquilos, não é?

Para arrematar 
“E o PSDB, Reinaldo?” Não me façam perguntas fáceis, por favor.

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