Reinaldo Azevedo
Vejam que foto edificante, de Carlos Garcia Rawlins, da Reuters.
(foto da AFP)
“Juro pelo povo da Venezuela, juro pela memória eterna do comandante supremo que cumprirei e farei esta Constituição ser cumprida”.
São palavras de Nicolás Maduro, ditador eleito (!?) da Venezuela, na cerimônia de posse. Raramente tão poucas palavras produziram tamanha impostura. Vamos ver:
a: cumprir a Constituição, na Venezuela, já é uma porcaria em si porque o texto é puro lixo autoritário. Mas vá lá;
b: ocorre que Maduro só assumiu o poder com a morte de Chávez porque, ora vejam!, desrespeitou a Constituição;
c: em qualquer democracia do mundo, o juramento de posse é um texto formal, legal, definido pelo estado, não pelo governante de turno. Não na Venezuela: Maduro jurou “pelo povo” e pela “memória eterna do comandante supremo”;
d: Chávez ocupa, assim, nessa mística, o lugar de Deus, o lugar do divino.
Conforta saber, em todo caso, que essa patacoada já não funciona mais; que isso tudo é falso; que metade dos que foram votar repudiam essa religião exótica.
(...)
Os presidentes sul-americanos que compareceram à posse — Sebastián Piñera, do Chile, não foi — estavam lá para aplaudir um ditador e uma ditadura. O Brasil, como líder do subcontinente, exerce, uma vez mais, um papel vergonhoso. É claro que não poderia, nem teria como fazê-lo, impor esta ou aquela solução à Venezuela. Só não precisava demonstrar tamanho entusiasmo. Afinal, nesta semana, oito pessoas morreram assassinadas pelas forças de segurança.
Maduro demonstrou assim a sua disposição para o diálogo:
“Peço àqueles que sejam políticos da oposição, social-democratas, social-cristãos, de centro-direita, de centro-esquerda (…) Os convoco a conversar nos diferentes cenários em que se possa conversar. Estou disposto a conversar até com o diabo”.
O rabudo anda frequentando cada vez mais o vocabulário dos líderes sul-americanos. Dilma também admitiu, aqui no Brasil, que, para se eleger, “a gente pode fazer o diabo”…
Então ficamos assim: no discurso de posse, Maduro saúda o “deus” Chávez e se diz disposto a conversar até com o diabo.
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