Por Rodrigo Viga Gaier e Camila Moreira
As vendas no varejo brasileiro surpreenderam em fevereiro ao registrar um desempenho muito pior do que o esperado e o primeiro recuo anual desde novembro de 2003, afetadas pela inflação em alta, acendendo o sinal amarelo sobre a frágil recuperação da atividade econômica.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou nesta quinta-feira que as vendas varejistas caíram 0,4 por cento sobre janeiro e 0,2 por cento sobre fevereiro do ano passado, abaladas pela demanda menor diante dos preços em alta.
"O preço foi o que freou a demanda do comércio em fevereiro e influenciou muito", explicou o economista do IBGE Reinaldo Pereira, acrescentando que a inadimplência elevada e o reajuste menor do salário mínimo neste ano também pesaram.
"Apesar da massa salarial maior e do emprego, já começamos a observar o impacto da alta de preços na demanda de supermercados, que pesa bastante no varejo global", acrescentou ele.
No acumulado em 12 meses, a inflação do país registrou alta de 6,59 por cento pelo IPCA em março, estourando o teto da meta do governo.
Analistas ouvidos pela Reuters previam que as vendas subiriam 1,2 por cento em fevereiro ante janeiro, e 3,65 por cento sobre um ano antes.
"Isso acende o sinal amarelo porque o consumo é o que estava sustentando a economia. Se ele desacelerar mais, vai acabar prejudicando a produção e gerando um efeito multiplicador na economia, afetando o PIB (Produto Interno Bruto)", avaliou o economista da Austin Rating Felipe Queiroz, para quem a economia brasileira crescerá 3,4 por cento neste ano.
O IBGE também revisou os dados das vendas de janeiro sobre fevereiro, passando de alta de 0,6 para 0,5 por cento. Com isso, a expansão vista no início do ano praticamente foi revertida com a queda em fevereiro.
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