Reinaldo Azevedo
Se, visto meio de longe, o PIB do primeiro trimestre é ruim, visto de perto, ele é muito pior. Comparado o primeiro trimestre deste ano com o último do ano passado, a expansão foi de apenas 0,6%. A agropecuária, no entanto, cresceu 9,7%. Ainda que a base de comparação seja fraca porque 2012 não foi um ano especialmente bom, o resultado é excepcional e impede que o país vá para o buraco. Não obstante, não custa notar à margem, é o setor da economia que mais tem de se haver com os ditos “movimentos sociais” insuflados por Gilberto Carvalho, o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência. Enquanto os agricultores e pecuaristas investem, uma parte do governo sabota. Mas voltemos ao leito.
A agropecuária continuará a crescer 10%, não importa o que aconteça com o resto do Brasil? É pouco provável. De todo modo, não é mera coincidência o fato de o setor que menos depende de “estímulos” e feitiçarias dos “çábios” — porque especialmente focado no mercado externo — ser o que mais avança. A indústria brasileira, apesar das desonerações de Guido Mantega, recuou 0,3%. Veja abaixo quadro com a síntese dos dados, publicado na Folha, com dados fornecidos pelo IBGE.
O ovo de Colombo do petismo era uma situação internacional favorável — o que acabou com o segundo movimento da grande crise —, que permitiu ancorar a economia no consumo. Isso deu os “çábios” — inclusive à grande “çábia”, quando gerentona do governo, a impressão de que estávamos no melhor dos mundos. Privatizações, estímulo ao investimento, reformas… Nada disso era necessário. O negócio era sair por aí batendo bumbo.
O modelo ancorado no consumo se esgotou. E agora?
Agora? Eles não sabem bem o que fazer.
A aceleração da inflação faz com que as pessoas comprem menos e usem menos serviços, setor que teve expansão modestíssima. Para atacar a inflação, forma-se o consenso de que é preciso elevar os juros. Mas elevar os juros faz com que a economia se desacelere ainda mais, e seu desempenho já é medíocre.
Vamos ver o que vem pela frente. O governo começa a ficar acuado. Em situações assim, os feiticeiros que se escondem nos porões dos palácios sempre pensam em encontrar algum bode expiatório. E a gente conhece a ligeireza dessa gente em inventar e apontar conspirações. Vejam o caso da Caixa Econômica Federal e a bagunça no pagamento do Bolsa Família.
(continua)
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