O Supercoxinha entre o óbvio e o juízo torto. Ou: Até quando manifestantes porão em risco a vida de terceiros na Paulista?
Reinaldo Azevedo
O Supercoxinha estava mudo desde que elevou a tarifa de ônibus. Anteontem à noite, deu uma declaração à Folha, que está no jornal de hoje. Leiam:
“A Polícia Militar tem que seguir protocolos e um deles é manter vias expressas desimpedidas. [Do contrário] isso coloca pessoas que estão circulando em risco”, afirmou à Folha anteontem, antes de embarcar para Paris, onde defenderá a candidatura da cidade à Expo 2020. A [região da] Paulista tem hospitais que atendem boa parte da população. Se estiver obstruída, haverá risco. Se amanhã alguém morre numa ambulância, vão dizer que a PM não agiu conforme o protocolo”.
Fernando Haddad, prefeito de São Paulo, defende, assim, a ação da Polícia Militar para desobstruir as vias públicas. Ah, bom! Atenção para uma resposta dada pelo prefeito, a revelar também um padrão moral.
Indagado sobre o apoio que seu partido emprestou no passado ao movimento, o preclaro negou a existência de qualquer contradição e afirmou: “No passado, o estopim do protesto foram reajustes acima da inflação”.
Ah, bom! Entendi! Se um determinado reajuste se dá acima da inflação, então é lícito sair por aí ocupando vias públicas e botando pra quebrar; se o reajuste fica abaixo, aí não!
Tentar entender a moral de um petista não é nem fácil nem difícil; é apenas inútil em razão da ausência de objeto.
Treze hospitais
O prefeito toca numa questão que já abordei aqui dezenas de vezes — e ele poderia tomar providências, em vez de se comportar como mero cronista da cidade. A região da Paulista concentra TREZE HOSPITAIS, nada menos. Se está tomada por ciclistas, passe-livristas, gays, pela Associação dos Pacientes da Espinhela Caída ou pela Federação das Pessoas Contra a Unha Encravada, é o que basta para que se impeça o acesso dos pacientes a essas instituições.
É preciso votar com urgência na Câmara — e Haddad tem maioria para isso — uma lei que proíba manifestações na Paulista e região. Que se faça o mapa dos hospitais, estabeleçam-se as respectivas áreas de influência de cada um e se as excluam dos locais passíveis de protesto e mesmo de celebração. É só uma questão de responsabilidade. A propósito: o que disse o prefeito vale também para a Parada Gay, suponho.
Vejam como são as coisas. Os evangélicos, como sabem, faziam a sua Marcha para Jesus na Paulista. Foram convidados a realizá-la em outro lugar. Aceitaram. Afinal, seu objetivo era celebrar a sua própria religião e suas convicções, não infernizar a vida alheia. Então ficamos assim: cristãos não podem tomar a Paulista porque, afinal, vociferavam alguns, o Brasil é um país laico. Certo!
Mas pode receber baderneiros do Passe Livre e maconheiros? Por quê? Que lógica explica?
Nenhum comentário:
Postar um comentário