Assim que começou a segunda semana de confrontos entre a Polícia Militar e grupos rebelados contra os 20 centavos a mais nas tarifas de ônibus, Fernando Haddad trocou o cargo de prefeito pelo ofício de juiz de briga de rua.
Caprichando na pose de quem não lembra direito que o aumento foi decretado pelo poste que Lula instalou na prefeitura, o árbitro de conflitos urbanos estreou no saguão de um hotel em Paris. “A PM tem de seguir protocolo e um deles é manter vias expressas desimpedidas”, apitou a favor do time de farda.
Na terça-feira, enquanto a maior metrópole da América Latina convalescia de outro dia de cão, Haddad analisou a disputa que vigiara acampado numa suíte batizada de “sala de situação”.
Fernando Haddad, prefeito de São Paulo
“As pessoas não estão fazendo uso adequado da liberdade de expressão”, apitou contra os baderneiros. E insinuou que dali por diante agiria com rigor: “Pessoas inconformadas com o Estado Democrático de Direito passam a adotar outro tipo de postura: de provocação, intimidação, agressão e depredação”.
De volta ao Brasil na quinta-feira, aproveitou a quarta onda de turbulências para mostrar que o surto de coragem já passara. “A ação da PM foi exagerada”, apitou a favor dos devotos do vandalismo.
Em seguida, forçou o empate com a exibição do cartão amarelo aos homens da lei. “O ato foi marcado pela violência policial”, advertiu num fiapo de voz.
O árbitro de araque é que deveria ser imediatamente expulso de campo e obrigado, ainda no vestiário, a reaparecer no emprego que abandonou.
A devolução ao local de trabalho de um poste que fala não vai resolver nenhum dos incontáveis problemas da cidade.
A devolução ao local de trabalho de um poste que fala não vai resolver nenhum dos incontáveis problemas da cidade.
Mas ao menos seriam ligeiramente reduzidos o índice de covardia e a taxa de cinismo que envergonham São Paulo — e enojam o Brasil que presta.
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