Dilma Rousseff inicia nesta semana ofensiva para responder aos protestos que pipocam em todo o país sem dinheiro em caixa para anunciar novos investimentos que contemplem a extensa e difusa pauta de reivindicações. Na semana passada, com a escalada de violência e adesão às passeatas, o Ministério da Fazenda fez à presidente avaliação pessimista da perspectiva da economia.
O sinal de que os estímulos federais se esgotaram foi dado por Guido Mantega, que vetou pleito do prefeito Fernando Haddad por mais desonerações fiscais. Com o caixa baixo, a presidente vai tentar resgatar a imagem que ajudou a inflar sua popularidade nos dois primeiros anos: a de que é intransigente com a corrupção e com o "malfeito'' na gestão.
A dificuldade será conciliar esse discurso, que teve destaque em sua fala em rede nacional de TV, com os esforços para montar a maior aliança possível para a reeleição, levando de volta ao primeiro escalão os "faxinados'' PR e PDT. Ela também recorreu a Antonio Palocci, demitido após a Folha revelar seus negócios em consultoria, como conselheiro na crise. No Congresso, já há aliados, inclusive no PT, que defendem que Dilma abra mão de algumas siglas e faça uma coalizão mais à esquerda.
Senadores governistas tentam dissuadir o Planalto de patrocinar o projeto que tolhe o tempo de TV e o acesso a fundo partidário de novas legendas, para não passar a essa nova massa mobilizada a impressão de que Dilma quer esmagar adversários. No campo da transparência, outro clamor das passeatas a que Dilma se referiu na TV, está em estudo no Planalto o recuo na medida recém-baixada de sigilo nos gastos das viagens presidenciais. O governo estuda, ainda, reduzir cargos de confiança na administração direta e reforçar atribuições da Controladoria-Geral da União, para que possa punir servidores acusados de desvios.
A orientação é que ministros repisem que as obras da Copa têm poucos recursos de investimento direto do Tesouro Nacional, e que a maior parte delas é de responsabilidade dos Estados ou financiada por empréstimos. A falta de recursos para novas ideias levou os estrategistas de Dilma a recorrer a um artifício conhecido quando um governo está acuado e precisa dar uma resposta rápida ao eleitorado: o chamamento a um pacto político.
Na reunião amanhã com governadores e prefeitos de grandes cidades, a petista deve enumerar investimentos já feitos em Estados e municípios. Também deve acenar com a renegociação do indexador e a redução nas alíquotas das dívidas de Estados e capitais, pleito já em fase de discussão na Fazenda. Outra medida será desburocratizar as linhas de financiamento do BNDES para municípios, que reclamam da demora de quase um ano para liberação de verbas.
Ao mesmo tempo em que tenta responder aos protestos, Dilma terá de lidar, nos próximos dias, com o ressurgimento, no PT, de setores que pregam a volta de Luiz Inácio Lula da Silva como candidato em 2014.A viagem da presidente a São Paulo para consultar o antecessor e a sequência de reuniões e telefonemas na semana passada para políticos que ele promoveu ajudaram a engrossar o caldo do ''queremismo'' petista.
No governo há quem defenda que ela afaste os ministros mais próximos do ex-presidente, como Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral), para calar essas especulações.
(Folha de São Paulo)
No governo há quem defenda que ela afaste os ministros mais próximos do ex-presidente, como Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral), para calar essas especulações.
(Folha de São Paulo)
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