Ao fiador as batatas
Dora Kramer, O Estado de S. Paulo
É bem mais fácil falar sobre uma possível substituição da presidente Dilma Rousseff pelo ex-presidente Luiz Inácio da Silva na eleição de 2014 do que fazer essa ideia acontecer.
Entre outros motivos porque a troca seria consequência do fracasso do atual governo e ainda há muita água para rolar até que se desenhe uma percepção negativa do eleitorado ou que se delineie no horizonte a recuperação do terreno rumo ao êxito na reeleição.
Mas, como é o próprio PT que dissemina a versão sobre a candidatura de Lula dando a entender que o partido está insatisfeito com o governo e acha que o eleitorado pensa o mesmo, vamos ao exame da situação com o olhar fixado na realidade.
Esta nos fornece dados indicativos das dificuldades. Primeiro deles: Lula não tem na pesquisa do Instituto Datafolha índice de intenção de votos muito superior ao de Dilma (ele 55%, ela 51%) e em São Paulo perderia a eleição estadual para o governador Geraldo Alckmin por 26% a 42%.
Não está, portanto, com essa bola toda. Não se confirma o mito de que seria alvo de amor eterno e indissolúvel por parte do eleitorado; sofre os efeitos das circunstâncias como qualquer outro político.
Mas, até aí é o de menos. Se resolvesse entrar em campanha poderia revelar- se mesmo imbatível. A dificuldade maior é de outra natureza. Nada a ver com possível resistência da presidente em ceder o lugar, pois ela o faria se assim fosse pedido alegando razões de ordem pessoal para não concorrer.
O obstáculo aparentemente intransponível decorre do fato de que Lula é avalista de Dilma. E, como todo fiador, é o responsável pelo pagamento da conta. No caso de fracasso Lula seria o sócio majoritário.
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