Mary Zaidan
O PT nunca amargou desilusão tão profunda: as ruas se abarrotaram de gente sem que o partido as mobilizasse. Gente que, em sua maioria, prefere que a “onda vermelha” convocada, oportunista e extemporaneamente, pelo presidente da sigla Rui Falcão, fique longe.
Golpe duro para quem sempre se vangloriou da sintonia com as massas, de ser o senhor das vozes das ruas.
Que se arvorava a ser quase, senão o único, na interlocução com os jovens. Que paga centenas de blogueiros, sabem-se lá quantos tuiteiros e facebuqueiros para falar bem do governo e rechaçar opiniões contrárias. Mas que não foi capaz de nem mesmo sentir o cheiro da mobilização, via redes sociais, que nas duas últimas semanas sacudiu o país de ponta a ponta.
Que se arvorava a ser quase, senão o único, na interlocução com os jovens. Que paga centenas de blogueiros, sabem-se lá quantos tuiteiros e facebuqueiros para falar bem do governo e rechaçar opiniões contrárias. Mas que não foi capaz de nem mesmo sentir o cheiro da mobilização, via redes sociais, que nas duas últimas semanas sacudiu o país de ponta a ponta.
É fato que nenhum partido, pouquíssimos políticos e só alguns analistas conseguiram traduzir, pelo menos parcialmente, o que está se passando. Mas, para o PT, estar divorciado disso, não ser o dono da voz, é quase mortal.
Tanto que se expõe ao rechaço enfiando-se em manifestações que, pelo menos por enquanto, agremiação ou político algum é bem-vindo. Até porque os partidos políticos - mais preocupados com os seus umbigos e com a eleição seguinte - são alvos da grita.
Estar apartado disso é tão letal para o PT que fez seus dirigentes esquecerem os disfarces habituais.
No olho do furação, enquanto o prédio da Prefeitura de São Paulo era vandalizada e o prefeito Fernando Haddad deixado nu, lançado à sua própria sorte, a presidente Dilma Rousseff reunia-se com o seu inventor Lula, o marqueteiro João Santana, o ministro Aloizio Mercadante e Rui Falcão.
No olho do furação, enquanto o prédio da Prefeitura de São Paulo era vandalizada e o prefeito Fernando Haddad deixado nu, lançado à sua própria sorte, a presidente Dilma Rousseff reunia-se com o seu inventor Lula, o marqueteiro João Santana, o ministro Aloizio Mercadante e Rui Falcão.
Na pauta, o PT e a manutenção do poder depois do estouro da boiada – da qual eles se imaginavam donos - falavam mais alto do que o País.
Grupo depredou e tentou invadir a Prefeitura de SP. Foto: ABr
O petista Haddad abrigou-se ao lado do tucano Geraldo Alckmin e, juntos, anunciaram a suspensão do reajuste das tarifas de ônibus, metrô e trens. No dia seguinte, quinta-feira, ambos colheram uma manifestação em paz, que ocupou toda a Avenida Paulista.
Dilma só falou ao País na sexta-feira, um dia depois de a “pequena minoria” - esse pleonasmo que deixou rastros de destruição em dezenas de centros urbanos - fazer estragos diante de seus olhos, importunando-a no Palácio do Planalto, ameaçando o Congresso Nacional, ateando fogo e quebrando os vidros do Palácio do Itamaraty.
Seu pronunciamento foi correto no tom, medido, bem escrito. João Santana teria acertado em tudo, não fosse o deslize costumeiro de, mais uma vez, colocar o PT antes do País; de anunciar um pacto nacional com a pauta da campanha eleitoral já desenhada para 2014. De amenizar, mas não eliminar a soberba.
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