Se a imprensa, especialmente as TVs, não mudar a sua cobertura, ainda terá de explicar o sangue nas ruas
Reinaldo Azevedo
Se a imprensa brasileira mantiver uma leitura da realidade que considero essencialmente distorcida, confundindo o direito à livre manifestação com licença para ignorar todos os limites legais, ainda vai ter de explicar o sangue na praça.
A presidente, governadores e prefeitos estão, sim, um tanto acuados e assustados. Há quem ache isso bom. Eu considero péssimo. Entre Marat e Ortega y Gasset, eu sou Ortega y Gasset, entendem? Eu continuo, como posso dizer?, um “conservador” mesmo quando os petistas podem estar quebrando a cara. Mas retomo.
A categoria verdadeiramente acuada, no front, no calor da hora, são os policiais militares do Brasil inteiro. Eles se tornam a primeira barreira de contenção e o primeiro alvo.
O diabo é que as polícias passaram por um intenso processo de demonização — trabalho inequívoco, desastrado e irresponsável de amplos setores da imprensa brasileira. E agora? Como é que se diz aos manifestantes algo assim: “Vocês não devem fazer isso com a polícia”?
As Polícias Militares do país inteiro passam por um intenso processo de desmoralização e de demonização. Ainda há pouco, na GloboNews, um professor vituperava contra a Polícia Militar do Rio, acusando-a de ser a responsável pelos confrontos e usava como exemplo contrário, de competência, a do Distrito Federal. Até então, os conflitos em Brasília ainda não haviam começado. Agora, o pau está comendo. Culpa de quem, professor?
Se a PM não tem mais legitimidade para conter o caos, resta ao jornalismo dizer quem tem. Uma coisa é certa: não se vão resolver todos os problemas do Brasil em 24 horas. Se cada grupo organizado resolver levar a sua agenda para a praça, maximizando-a, sem aceitar nenhuma noção de limite, então a única saída é a volta ao estado da natureza.
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