Segundo investigadores consultados pela Folha, até ontem a PF encontrou só um ponto em comum para o início dos saques: a antecipação do pagamento pela Caixa Econômica Federal. A principal hipótese é a de que os erros do banco estatal teriam precipitado os saques. Policiais acreditam, contudo, que é remota a hipótese de indiciamento de representantes da Caixa. Cem testemunhas ainda serão ouvidas.
Como a Folha mostrou há duas semanas, o pagamento antecipado de todo o Bolsa Família tornou-se a principal linha de investigação da PF. Os beneficiários do programa estavam acostumados a uma rotina de pagamento. A mudança teria ajudado a espalhar os boatos, que provocaram corrida aos caixas eletrônicos em 18 e 19 de maio. Em um primeiro momento, a Caixa informou que liberou o benefício após a confusão provocada pelos boatos.
Após a Folha revelar que dona de casa em Fortaleza (CE) conseguiu retirar dinheiro de forma antecipada, o banco admitiu que houve mudança no calendário de repasses na véspera do tumulto. A conclusão preliminar da PF contradiz o discurso político inicial do governo. O ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) afirmou que houve ação para espalhar os boatos. Após o tumulto, o Ministério do Desenvolvimento Social, responsável pelo programa, que atende 13,8 milhões de famílias, informou que estabelecerá um serviço de envio de mensagens aos beneficiários que possuem celular.
(Folha de São Paulo)
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