Protestos que tomaram as ruas do país têm um traço em comum: a rejeição aos políticos e aos partidos políticos que se proliferam ano a ano no Brasil
Gabriel Castro, VEJA
Quando as manifestações que hoje tomam o Brasil começaram a ganhar peso e velocidade, uma semana atrás, pareceu que era a multiplicidade de causas que as definiria. Nas passeatas desta quinta-feira, porém, ficou claro que há um traço ainda mais forte nesse movimento: a rejeição aos políticos, aos partidos, a qualquer pessoa ou entidade que se arvore o direito de falar "em nome do povo".
Se já havia posto na defensiva prefeitos de grandes cidades e governadores, o aumento do número de pessoas nas ruas, passeata após passeata, fez a crise chegar às portas do Palácio do Planalto na noite passada. Subitamente, os quase 60% de aprovação da presidente Dilma Rousseff nas últimas pesquisas de opinião não pareceram um escudo forte o suficiente para protegê-la. Dilma viu mais de 1 milhão de pessoas aderirem aos protestos ao lado de seus assessores mais próximos – e convocou uma reunião de crise para a manhã desta quinta-feira.
O partido da presidente, o PT, também se encontra de repente em terreno desconhecido. A mobilização não depende da voz de comando de partidos de esquerda, sindicatos ou associações estudantis para ir às ruas. Mais que isso, a repele. Quem portava bandeiras e camisetas de partidos foi isolado nas manifestações.
Na noite de quinta-feira, depois de o presidente do PT, Rui Falcão, ter conclamado militantes a erguer novamente a bandeira do partido na marcha pelas ruas de São Paulo, houve hostilidade aberta contra quem tentou cumprir a ordem. Depois de mais de duas décadas, o PT se vê de repente privado do papel de porta-voz dos "anseios populares".
"Há uma espécie de libertação em face do aparelho petista e seus tentáculos", diz o professor Marcelo Barra, do Departamento de Sociologia da Universidade de Brasília (UnB).
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Quando as manifestações que hoje tomam o Brasil começaram a ganhar peso e velocidade, uma semana atrás, pareceu que era a multiplicidade de causas que as definiria. Nas passeatas desta quinta-feira, porém, ficou claro que há um traço ainda mais forte nesse movimento: a rejeição aos políticos, aos partidos, a qualquer pessoa ou entidade que se arvore o direito de falar "em nome do povo".
Se já havia posto na defensiva prefeitos de grandes cidades e governadores, o aumento do número de pessoas nas ruas, passeata após passeata, fez a crise chegar às portas do Palácio do Planalto na noite passada. Subitamente, os quase 60% de aprovação da presidente Dilma Rousseff nas últimas pesquisas de opinião não pareceram um escudo forte o suficiente para protegê-la. Dilma viu mais de 1 milhão de pessoas aderirem aos protestos ao lado de seus assessores mais próximos – e convocou uma reunião de crise para a manhã desta quinta-feira.
O partido da presidente, o PT, também se encontra de repente em terreno desconhecido. A mobilização não depende da voz de comando de partidos de esquerda, sindicatos ou associações estudantis para ir às ruas. Mais que isso, a repele. Quem portava bandeiras e camisetas de partidos foi isolado nas manifestações.
Na noite de quinta-feira, depois de o presidente do PT, Rui Falcão, ter conclamado militantes a erguer novamente a bandeira do partido na marcha pelas ruas de São Paulo, houve hostilidade aberta contra quem tentou cumprir a ordem. Depois de mais de duas décadas, o PT se vê de repente privado do papel de porta-voz dos "anseios populares".
"Há uma espécie de libertação em face do aparelho petista e seus tentáculos", diz o professor Marcelo Barra, do Departamento de Sociologia da Universidade de Brasília (UnB).
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