Rogério Furquim Werneck, O Globo
Com o governo ainda aturdido com os protestos de junho, voltaram a ganhar destaque na mídia más notícias sobre o BNDES. Tendo em conta o teor das insatisfações que afloraram nas ruas e o retumbante fracasso da “nova matriz de política econômica”, o mais provável é que a atuação do BNDES seja objeto de críticas cada vez mais contundentes nos próximos meses.
É preciso ter em mente que a instituição se converteu em ponto de confluência de vários dos piores desacertos da política econômica.
Para entender como se chegou a isso, vale a pena relembrar a paradoxal estratégia de financiamento do crescimento proposta pelo ministro Guido Mantega, em entrevista ao “Financial Times”, quando assumiu a pasta da Fazenda em 2006: como o governo não contava com recursos para investir, a solução seria recorrer ao investimento privado financiado com recursos do governo. Dito assim, parecia ser apenas uma contradição em termos.
Mas a verdade é que, com a operosa ajuda do BNDES, essa ideia despropositada seria afinal posta em prática, dando lugar a um enorme programa de financiamento de investimentos bancado com dinheiro público, não obstante a inegável carência de recursos do governo.
Se o Tesouro não dispunha de recursos, que então se endividasse para fazer empréstimos subsidiados de longo prazo ao Banco. Estabeleceu-se, por fora do Orçamento, uma ligação direta entre o Tesouro e o BNDES, através da qual recursos provenientes da emissão de dívida pública passaram a ser transferidos ao Banco, sem contabilização no resultado primário e sem que a dívida líquida do setor público fosse afetada.
Leia a íntegra em Desacertos do BNDES
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