Merval Pereira, O Globo
O Papa Francisco fez ontem, na visita à favela da Varginha, seu discurso mais político, referindo-se às recentes manifestações ocorridas no país de maneira positiva, encorajando os jovens a permanecerem na sua luta contra a corrupção.
Com outras palavras, retomou análises que fizera anteriormente, desde que assumiu, sobre a nobreza da ação política. Para ele, envolver-se na política é a obrigação de um cristão, pois a ação política é “das formas mais altas de caridade”.
A política com P maiúsculo, como definiu em outra ocasião, visa ao bem comum, e “nós cristãos não podemos nos fingir de Pilatos e lavar as mãos”. Ontem, ele se referiu especialmente aos jovens que “possuem uma sensibilidade especial frente às injustiças, mas muitas vezes se desiludem com notícias que falam de corrupção, com pessoas que, em vez de buscar o bem comum, procuram o seu próprio benefício”.
Foto: Fabiano Rocha / Extra
Mas o Papa instou a que “nunca desanimem, não percam a confiança”, insistindo em que a ação política pode mudar a realidade, “o homem pode mudar”. Em palestras anteriores na Itália, logo depois de ser eleito Papa, ele falou mais diretamente sobre a atividade política, ao ser perguntado por um estudante jesuíta qual seria a atitude evangélica correta nos dias de hoje.
Depois de afirmar que atuar na política é um dever de cristão, Francisco comentou: “A política é muito suja, mas pergunto: por que é assim? Por que os cristãos não fazem política com o espírito evangélico? É fácil dizer que a culpa é do outro, mas o que eu faço? É um dever de um cristão trabalhar pelo bem comum”.
Na favela da Varginha, o Papa Francisco fez um apelo para que a população não se deixe “acostumar ao mal, mas a vencê-lo”, e se colocou ao lado daqueles que lutam: “Vocês não estão sozinhos, a Igreja está com vocês, o Papa está com vocês”.
Numa referência crítica à política do governo do Rio, reforçada pela utilização da palavra “pacificação”, o Papa disse que nenhum esforço nesse sentido será duradouro, “não haverá harmonia e felicidade para uma sociedade que ignora, que deixa à margem, que abandona na periferia parte de si mesma”.
Leia a íntegra em Política com P maiúsculo
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