sábado, 31 de agosto de 2013

"EM UM MUNDO MELHOR"




LUIZ FELIPE PONDÉ

A verdade da coragem não é querer vencer, mas perder o medo de perder tudo que se tem

É possível um mundo melhor? Sim e não. Sim, é possível um mundo melhor a começar por melhores remédios, casas, escolas, hospitais, aviões, democracia (ainda acredito nela, apesar de ficar de bode às vezes).

Não, não é possível um mundo melhor porque algumas coisas não mudam, como o caráter humano, suas mentiras e vaidades, sua violência, mesmo que travestida de civilidade, nossas inseguranças, nossa miséria física e mental, nossa hipocrisia. Nossas ambivalências sem cura. Os valores são incomensuráveis. Você até pode achar que na vida vale mais a pena "ser" do que "ter", mas isso pode ser apenas um modo infantil de ver as coisas: não há "ser" sem o "ter" que sustenta tudo.

A famosa frase "que vão os anéis e fiquem os dedos" às vezes mais parece ser bem o contrário, "que vão dedos e fiquem os anéis", porque os diamantes são eternos, e os dedos, não.

Resumindo: mesmo a tecnologia e a ciência, grandes fatores positivos, podem ser elas mesmas terríveis. Não é outro o sentido de se perguntar "como educar depois de Auschwitz?", como se pergunta o filósofo Theodor Adorno. Mesmo a democracia pode virar coisa de "black blocs" ou demagogos que juram confiar na "sabedoria popular". E isso dá bode.

Recentemente revi o filme "Em um Mundo Melhor", de Susanne Bier, de 2010. Trata-se de um filme bastante didático, bom para escolas. Um médico sueco trabalha em algum lugar infeliz da África, enquanto sua família derrete na Dinamarca onde mora.

Seu filho é objeto de bullying (chamam-no de "rato" pelo dentes feios que tem e esvaziam o pneu da sua bicicleta o tempo todo). Ele nunca reage. É tímido e tem medo dos mais fortes. Sabe que se reagisse apanharia mais. Muitas vezes, a essência da coragem é perder o medo de sofrer além do que já se sofre. A verdade da coragem não é querer vencer, mas perder o medo de perder tudo que se tem.

Escolas de crianças são um escândalo. Um depósito de violência de todo tipo. Um lugar especialmente indicado se quisermos duvidar da existência de Deus usando o famoso argumento a partir do mal ("argument from evil", como dizem os filósofos da religião americanos): se Deus existe e é bom e todo-poderoso, como o mundo pode ser mau como obviamente é?

Há todo tipo de resposta para isso, e elas compõem o que em teologia se chama "teodiceia". Qual é o sentido de ser bom na vida? Há garantias de que o bem compensa? Não, não há, nenhuma.

Eu concordo com o filósofo Isaiah Berlin: não há teodiceia possível. Os valores são incomensuráveis entre culturas, pessoas, épocas históricas. Qualquer utopia não passa de um surto infantil projetado sobre o mundo. Não vai mais longe do que uma história de Branca de Neve.

Voltando ao filme. O médico é contra violência física. E vive isso de modo corajoso, não se pode negar. A vida que leva na África é prova de seu caráter. Enfrenta um sujeito que bate na sua cara na Dinamarca, quando está visitando sua mulher e filhos, de modo digno, revelando a estupidez que está por trás do brutamontes idiota.

Ela quer o divórcio porque se sente sozinha, é óbvio, e, aparentemente, além de deixá-la sozinha, ele andou comendo alguém por aí... Santo, mas nem tanto... Você pode salvar o mundo enterrando sua família. Olha aí a incomensurabilidade de que fala Berlin.

Ao final, seu princípio de não violência é testado na África e ele perceberá que para tudo existe um basta, e às vezes a violência é tudo que resta. Os pacifistas são também gente infantil.

Mas onde está esse mundo melhor no filme? A vida em casa degringola. O filho humilhado encontra um amigo que o protege na escola. Um menino corajoso, decidido e violento, que se move no mundo de modo oposto aos princípios do médico.

Na verdade, o menino é um desesperado, solitário, que acaba de perder a mãe de câncer, num processo doloroso que sutilmente o filme parece indicar ter chegado à eutanásia.

O mundo melhor parece ser aquele no qual as pessoas podem errar, pedir perdão e ser perdoadas. Um mundo melhor não é um mundo sem violência ou ambivalência, mas um mundo onde existe o perdão.

Mais Médicos - "Nossa medicina é quase de curandeirismo", diz doutor cubano


Gilberto Velazco Serrano, de 32 anos, conta por que, em 2006, desertou de uma missão de seu país na Bolívia - na qual os médicos eram vigiados por paramilitares

Aretha Yarak - VEJA

O cubano Gilberto Velazco Serrano, de 32 anos, é médico. Na ilha dos irmãos Castro ele aprendeu seu ofício em meio a livros desatualizados e à falta crônica de medicamentos e de equipamentos. Os sonhos de ajudar os desamparados bateu de frente, ainda durante sua formação universitária, com a dura realidade de seu país: falta de infraestrutura, doutrinação política e arbitrariedade por parte do governo. 

"É triste, mas eu diria que o que se pratica em Cuba é uma medicina quase de curandeirismo”, diz Velazco.

Ao ser enviado à Bolívia em 2006, para o que seria uma ação humanitária, o médico se viu em meio a uma manobra política, que visava pregar a ideologia comunista. 

“A brigada tinha cerca de 10 paramilitares, que estavam ali para nos dizer o que fazer”. Velazco não suportou a servidão forçada e fugiu. Sua primeira parada foi pedir abrigo político no Brasil, que permitiu sua estada apenas de maneira provisória. Hoje, ele mora com a família em Miami, nos Estados Unidos, onde tem asilo político e estuda para revalidar seu diploma. De lá, ele concedeu a seguinte entrevista ao site de VEJA:

Como os médicos são selecionados para as missões?

Eles são obrigados a participar. Em Cuba, se é obrigado a tudo, o governo diz até o que você deve comer e o que estudar. As brigadas médicas são apenas uma extensão disso. Se eles precisam de 100 médicos para uma missão, você precisa estar disponível. Normalmente, eles faziam uma filtragem ideológica, selecionavam pessoas alinhadas ao regime. Mas com tantas colaborações internacionais, acredito que essa filtragem esteja menos rígida ou tenha até acabado.


Como foi sua missão?

Fomos enviados 140 médicos para a Bolívia em 2006. Disseram que íamos ficar no país por três meses para ajudar a população após uma enchente. Quando cheguei lá, fiquei sabendo que não chovia há meses. Era tudo mentira. Os três meses iniciais viraram dois anos. O pior de tudo é que o grupo de 140 pessoas não era formado apenas por médicos - havia pelo menos 10 paramilitares. A chefe da brigada, por exemplo, não era médica. Os paramilitares estavam infiltrados para impedir que a gente fugisse.

(...)

Como era o trabalho dos paramilitares?
Não me esqueço do que a chefe da brigada disse: “Vocês são guerrilheiros, não médicos. Não viemos à Bolívia tratar doenças parasitárias, vocês são guerrilheiros que vieram ganhar a luta que Che Guevara não pode terminar”. Eles nos diziam o que fazer, como nos comportar e eram os responsáveis por evitar deserções e impedir que fugíssemos. (...)

Como é a formação de um médico em Cuba?

Muito ruim. É uma graduação extremamente ideologizada, as aulas são teóricas, os livros são velhos e desatualizados. Alguns tinham até páginas perdidas. Aprendi sobre as doenças na literatura médica, porque não tinha reativo de glicemia para fazer um exame, por exemplo. Não dava para fazer hemograma. A máquina de raio-X só podia ser usada em casos extremos. Os hospitais tinham barata, ratos e, às vezes, faltava até água. Vi diversos pacientes que só foram medicados porque os parentes mandavam remédios dos Estados Unidos. Aspirina, por exemplo, era artigo raro. É triste, mas eu diria que é uma medicina quase de curandeiro. Você fala para o paciente que ele deveria tomar tal remédio. Mas não tem. Aí você acaba tendo que indicar um chá, um suco.

(...)

Como é o sistema de saúde de Cuba?

O país está vivendo uma epidemia de cólera. Nas últimas décadas não havia registro dessa doença. Agora, até a capital Havana está em crise. A cólera é uma doença típica da pobreza extrema, ela não é facilmente transmissível. Isso acontece porque o sistema público de saúde está deteriorado. Quase não existem mais médicos em Cuba, em função das missões.


(...) Além do mais, a formação médica em Cuba está muito crítica. Eu passei o fim da minha graduação dentro de um programa especial de emergência. A ideia era que eles reduzissem em um ano minha formação, para que eu pudesse ser enviado à Bolívia. O governo cubano está fazendo isso: acelerando a graduação para poder enviar os médicos em missões ao exterior.

Entrevista completa AQUI.

O BRASIL É MELHOR COM A CORAGEM DE EDUARDO SABOIA DO QUE COM A COVARDIA DOS QUE QUEREM PUNI-LO

Novo chanceler assume Itamaraty sob intervenção e não se constrange

Eduardo Saboia: o Brasil é melhor com a sua coragem, mas ele corre o risco de ser expulso da diplomacia
Por Reinaldo Azevedo
Enquanto se realizava a reunião da Unasul, no Suriname, um tal Dino Bouterse era preso (anteontem) no Panamá, acusado de tráfico de drogas e de armas. Dino é filho de Desiré Bouterse, o anfitrião do encontro, um conhecido carniceiro, que comandou uma ditadura feroz no Suriname entre 1980 e 1997. Em 2000, ele foi condenado na Holanda pelo tráfico de imodestos 474 quilos de cocaína. Gente fina. Em 2010, voltou ao poder, aí por intermédio de eleições. O filho mostra que quem sai aos seus não degenera a estirpe de bravos. Foi nesse lugar aprazível, em meio a gente decente e honrada, que a presidente Dilma Rousseff manteve, nesta sexta, um encontro privado com Evo Morales, o índio de araque que governa a Bolívia.
Ela expressou, uma vez mais, o seu repúdio pela operação que resultou na vinda do senador boliviano Roger Pinto Molina para o Brasil. A fuga foi organizada pelo diplomata Eduardo Saboia, que respondia interinamente pela representação brasileira. O governo brasileiro deu início a um trabalho de demonização de Saboia, expressa, uma vez mais, na entrevista coletiva concedida por Luiz Alberto Figueiredo, o novo chanceler: “O caso da retirada do senador de uma embaixada brasileira e a sua condução sem garantias ao território brasileiro é um fato grave e que está sendo apurado”.
Figueiredo começa mal. O Ministério das Relações Exteriores, sob as suas barbas e com o seu consentimento, está sob uma espécie de intervenção. Pela primeira vez na história da diplomacia — que eu saiba, não aconteceu nem durante a ditadura —, uma comissão de sindicância interna é comandada por alguém que não pertence aos quadros do próprio Itamaraty. O objetivo é punir Saboia e dar um copo de sangue ao protoditador bolivariano — que finge indignação para ver se arranca mais algum do Brasil.
O governo brasileiro decidiu que quem vai comandar a sindicância, que selará o destino de Saboia, é um senhor chamado Dionísio Carvalhedo Barbosa. Qual a sua qualificação para o caso? Ora, ele é assessor especial da Controladoria-Geral da União e auditor fiscal da Receita Federal. Logo, como se vê, a resposta é esta: qualificação nenhuma! Mas calma! Carvalhedo Barbosa está acostumado a servir a autoridades maiúsculas, a verdadeiros gigantes morais da política. Era secretário-adjunto de Transparência e Controle do governo do Distrito Federal, sob o comando do petista transparente… Agnelo Queiroz.
Chegou-se a noticiar que os embaixadores Glivânia Maria de Oliveira e Clemente de Lima Baena Soares, chefe do Departamento de América do Sul, integravam a comissão de sindicância, mas eles pediram para sair — ou melhor, para não entrar.
Homem decente
Saboia é um homem decente e unanimemente reconhecido por seus pares como trabalhador e dedicado. Durante a prisão dos torcedores brasileiros na Bolívia, era ele o elo com os familiares dos presos. Neste caso do senador boliviano, havia muito ele vinha advertindo seus chefes de que a situação caminhava para o insustentável. Mas o homem ficou lá, mofando, por 15 meses — e talvez outros 15 viriam se não tivesse tomado uma atitude. Não serei eu a incentivar a indisciplina, mas chega uma hora em que é preciso indagar se não se está diante da desobediência devida. Saboia sabia que Evo Morales não daria o salvo-conduto. O governo brasileiro não tratava o assunto como prioritário.
Evo Morales está afetando uma indignação que não tem. O governo brasileiro sabe que o próprio presidente boliviano havia proposto uma solução, digamos, extracurricular, com a fuga “combinada” de Molina. Dilma não topou a parada — e, convenhamos, fez bem nesse particular. Mas é certo que Evo, agora, está valorizando o incidente.
Em entrevista, o presidente boliviano chamou Molina de “delinquente”, mas não entrou com o pedido de extradição. A Folha publica um depoimento do senador. Ali está a face dos regimes bolivarianos. Reproduzo trecho:
(…)
Evo Morales era alguém com quem convivi nos primeiros anos no Congresso. Era um amigo, com quem eu podia jogar futebol. E jogamos várias vezes juntos, tenho fotos.
De maneira contínua ele me convidou para participar desse projeto político, ou parte desse projeto. Tínhamos uma visão diferente. Sempre acreditei que o tema da coca fosse a matéria-prima para o narcotráfico e era preciso atacar isso. Ele defendia a coca. Eu acreditava na liberdade, no direito privado, na propriedade das coisas e consciente de que era necessário reduzir a coca.
Quando chegou ao governo, Evo nos convidou de novo ao palácio, umas três ou quatro vezes. Ele queria que fizéssemos parte do seu governo. Nós achamos que era mais importante ajudá-lo nos temas sociais, da luta contra a miséria, com isso nós nos comprometemos.
Mas logo veio um processo de decomposição e violência do governo que atribuo à presença cubana e ao processo de linchamento político.
Depois que Cuba e Venezuela intervieram de forma direta [formando parcerias com o governo], ele teve outro tipo de política e comportamento muito mais agressivos. Então se estabelece como política de seu governo acabar com a oposição. E começa a perseguir de maneira sistemática todos os ex-presidentes, ex-governadores.
Todos os governos de esquerda querem é chegar, mudar a Constituição, adequá-la a eles, porque têm um objetivo, consolidar-se no governo, não importa como.
(…)
O isolamento na embaixada era insuportável. Em algum momento, disse “bom, por que não termino isso de uma vez?”. Na primeira vez parece estranho, porque sou cristão. Mas à medida que o tempo passa, isso volta à mente, “seria tão simples e amanhã tudo estaria acabado”. Saboia começou a se preocupar. E então ele me disse ter três opções, e a terceira era cumprir os objetivos que havia dito a presidente Dilma [quando da concessão do asilo], que era preservar minha vida.
Retomo
Os sinais de que os processos contra Molina são uma farsa são gigantescos. Acusar os adversários políticos de corrupção é o padrão dos estados bolivarianos. A histeria meio indecorosa de Dilma Rousseff envergonha a diplomacia brasileira. O que pretendia a presidente brasileira? Se comparar o embaixada ao Doi-Codi foi um exagero retórico de Eduardo Saboia, afirmar que a Soberana se prestava ao papel de carcereira de Molina parece bastante apropriado. Dadas as circunstâncias, quem honrou a história da diplomacia brasileira foi Saboia, não Antonio Patriota, que, tudo indica, nem era levado a serio por sua chefe. E não parece que o respeito será conquistado pelo novo chancelar, que estreia no cargo com o Itamaraty sob intervenção.
Eduardo é filho do embaixador Gilberto Saboia, que tem uma história ligada à defesa dos direitos humanos. O Globo ouviu o pai para fazer um perfil do filho, em texto publicado nesta sexta. Gilberto conta uma história do seu passado. Reproduzo trecho:
Um policial em fuga bate à porta da embaixada brasileira na Guatemala, pedindo abrigo. Dizia-se perseguido pelo governo, acusado de ser “comunista”. O diplomata encarregado de Negócios decide abrigá-lo. Durante uma semana, mantém o refugiado em casa (o embaixador havia deixado o país, ameaçado de sequestro), sob o olhar da mulher e dos dois filhos. Entre eles, Eduardo Saboia. O ano era 1975.
(…)
“Não tenho certeza se o Eduardo se lembra disso. O policial apareceu na chancelaria e entregou um revólver, dizendo-se ameaçado de morte. Eu fiquei sem saber o que fazer. Peguei ele, botei no carro e levei para casa. Esse policial ficou lá. Imagina o perigo. E o Itamaraty não me dava instruções. Quando deu, o homem já tinha fugido. Naquele tempo era ditadura aqui e lá. Era improvável que fosse concedido asilo. Mas assim mesmo eu não quis deixar de tentar salvá-lo”, lembra Gilberto Vergne Saboia, pai de Eduardo, admirado com a coincidência dos casos, com desfechos e repercussões distintas.
(…)
Voltei
Atenção, leitor! “Ditadura lá e aqui.” 1975! E nada aconteceu a Gilberto Saboia. Dilma Rousseff, no entanto, em plena democracia, quer a cabeça de um diplomata por ter seguido a longa e saudável tradição da diplomacia brasileira de conceder proteção a perseguidos políticos. Entendo. É que o governo petista gosta mesmo é de devolver pugilistas desamparados a Fidel Castro e de abrigar terroristas.
Reproduzo mais um trecho do texto do Globo:
Católico fervoroso — entre as reações de fãs nas redes sociais está o pedido por correntes de orações para o diplomata — , Eduardo desenvolveu o fervor da fé já adulto. O pai suspeita que houve alguma influência da mãe. Mas diz que a profundidade do sentimento religioso surgiu já depois de casado. Na entrevista publicada nesta quinta-feira, no “Globo”, o diplomata diz que precisa de “muitas orações”. E, ao explicar a operação de fuga de Roger Molina, afirmou ter “ouvido a voz de Deus”.
A religiosidade teria sido, então, decisiva na resolução de assumir os riscos e planejar a fuga do senador, com quem conviveu por um ano, em situação cada vez mais dramática?
“Pode ter tido influência sim, porque ele tem essa questão espiritual bem forte. Mas ele não agiu assim de forma quixotesca. Antes, advertiu muito o chefe dele (Patriota), que foi também punido. O que espero é que o bom senso prevaleça.”
Encerro
O diplomata não ouve vozes, leitores. A “voz de Deus”, no caso, é só a voz que conduz ao bem. O Brasil é melhor com Saboia do que com a covardia dos que pretendem puni-lo.

UM JUSTO ENTRE DUAS NAÇÕES

A senadora Kátia Abreu (PSD-TO) escreve um artigo corajoso e correto sobre a ação do diplomata Eduardo Saboia, que organizou a vinda para o Brasil do senador boliviano Roger Pinto Molina:
*

Impossível não admirar a conduta de Eduardo Saboia, encarregado de negócios na Bolívia, de trazer para o Brasil o senador Roger Pinto Molina, asilado há 15 meses em nossa embaixada em La Paz. Tomou atitude nobre e corajosa.
No passado, outros diplomatas brasileiros ousaram contrariar a cúpula do Itamaraty. Na França, o embaixador Luís Martins de Souza Dantas emitiu centenas de vistos para o Brasil a perseguidos pelos nazistas.
Mesmo depois de ser repreendido e formalmente proibido de conceder vistos, seguiu assinando documentos de próprio punho, com datas anteriores à da proibição. Enquanto isso, em Hamburgo, o vice-cônsul brasileiro e escritor João Guimarães Rosa também agiu assim, concedendo vistos de entrada no Brasil a judeus.
Décadas depois da façanha, Souza Dantas virou personagem do Museu do Holocausto, em Israel. Foi proclamado “Justo entre as nações”, título atribuído a pessoas que arriscaram suas vidas para ajudar judeus perseguidos pelo regimes nazista e fascista.
Mas não se trata aqui, como não o foi no passado, de defender quebra de hierarquia nem de comparar o terror do Holocausto a um fato que pode não ir além de um incidente diplomático. Quero apenas mostrar que, em situações extremas, o diplomata deve recorrer a si mesmo.
Ressalte-se que o embaixador anterior, Marcel Biato, já havia concedido o asilo a Molina, fazendo valer esse direito internacional.
E o senador teve de pedir asilo por ter denunciado a corrupção no governo de seu país. Ousou fazer o que muitos não tiveram coragem de fazê-lo.
Em resposta, ganhou um processo “judicial”, típico de “socialistas bolivarianos” que tratam os opositores como se criminosos fossem. É a criminalização da política, levada a cabo por governantes que não nutrem respeito à democracia e aos direitos civis.
Há que lembrar, também, que a lista de incidentes diplomáticos na relação do Brasil com a Bolívia é extensa. Basta citar dois episódios: a ocupação militar de uma refinaria da Petrobras e a vistoria de três aviões da Força Aérea Brasileira, que deveriam ser invioláveis, inclusive um que levava nosso ministro da Defesa.
E é bom que se diga que o senador Molina não está foragido no Brasil. Foi retirado da Bolívia em uma operação conduzida pelo consulado brasileiro. O que se espera, agora, é que não tenha destino diferente do que teve Cesare Battisti, que conseguiu permissão para ficar no Brasil, mesmo com pedido de extradição aprovado pelo Supremo Tribunal Federal.
Quando foi trazido ao país, Molina vinha de um confinamento de quase 500 dias num cubículo da embaixada brasileira, sem direito a banho de sol, em uma condição de deterioração física e psíquica. Bem diferente do tratamento principesco que o ex-presidente de Honduras Manuel Zelaya recebeu ao longo dos quatro meses em que se manteve exilado na nossa embaixada em Tegucigalpa.
Alguns aguentam mais, outros menos. Se Molina ameaçou suicídio, é porque estava no limite de suas forças. Basta nos colocarmos na posição do outro para percebermos melhor sua condição dramática.

O encarregado de negócios Eduardo Saboia vivenciou o drama do senador. Ninguém melhor do que ele para decidir o que fazer, dada a sua proximidade e diante da falta de comando hierárquico. Se tomou uma decisão humanitária, ele o fez em respeito aos direitos humanos defendidos por nosso governo.

Se a cúpula do Itamaraty não estava observando esses direitos, um de seus diplomatas optou por fazê-lo, mesmo colocando vidas em risco.Seguiu valores maiores, com determinação. Não se conformou com a rotina burocrática baseada na omissão, embora essa omissão possa ter sido, ela própria, uma decisão. Cumpriu todo um périplo até chegar, enfim, a território brasileiro.

NÃO É SÓ O DONADON. SÃO MUITOS NA FILA

STF abre inquérito contra governador do DF, Agnelo Queiroz

Por Severino Motta, na Folha:
O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luís Roberto Barroso acatou um pedido do Ministério Público e abriu inquérito contra o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT). Ele é suspeito de ter cometido crimes contra a administração pública quando foi diretor da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) entre 2007 e 2010. O pedido de abertura de inquérito teve como base os desdobramentos Operação Panacéia, da Polícia Civil de Minas Gerais. Ela apurou indícios de envolvimento de assessores de Agnelo com um grupo farmacêutico acusado de fraudes, formação de cartel e sonegação fiscal.
Escutas telefônicas feitas pela polícia revelam que representantes do laboratório Hipolabor, com sede em Minas, recorriam a assessores próximos de Agnelo para agilizar demandas na Anvisa.
(…)
Além de Agnelo, também responderá ao inquérito o deputado Fábio Ramalho (PV-MG). Devido à presença dele o caso foi para o STF. Se estivesse somente o governador sendo investigado a apuração caberia ao STJ (Superior Tribunal de Justiça). Ramalho é investigado pois ele foi acionado pelo grupo laboratorial para agendar audiências na Anvisa.
(…)

Crescimento do 2º trimestre ainda não é o fim do “pibinho”

Na VEJA.com:

O crescimento de 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre pode provocar, momentaneamente, um suspiro de otimismo no governo. No acumulado de 12 meses, encerrados em junho, o crescimento da economia brasileira foi de 1,9%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mas manter esse mesmo ritmo até o final do ano será missão impossível, segundo analistas ouvidos pelo site de VEJA.
O resultado do segundo trimestre, apesar de não exalar qualquer esplendor de PIB asiático, mostra que o primeiro semestre não foi de todo ruim. Do lado da oferta, o período foi beneficiado pelo agronegócio; já pela ótica da demanda, os investimentos ajudaram. Contudo, as expectativas para o próximo semestre apontam para uma desaceleração importante da oferta, no setor de serviços, enquanto a demanda será penalizada pelo desempenho ruim do consumo privado. “Esse é um cenário oposto ao visto no ano passado, quando o baixo crescimento era uma preocupação com a indústria, devido à baixa competitividade e altos custos da mão de obra. Já neste ano, o que vemos é diferente. A indústria está um pouco melhor, mas o setor de serviços perde força”, afirma a economista Zeina Latif, da consultoria Gibraltar.
(…)

DESGOVERNO DO PT PODE RECUAR UM PASSO, MAS LOGO AVANÇA DOIS

Foto: A blogueira cubana Yoani Sánchez viajou mais de três meses por 13 países da América e da Europa, fazendo duras críticas ao governo de Havana. FONTE: http://noticias.r7.com/brasil/senador-tucano-alfineta-mais-medicos-com-suspostas-criticas-de-blogueira-cubana-25082013 #ForaPadilha #revalidasim #saúde #REVALIDA #vemprarua #MaisMédicos #MaisSaúde #Saude #SUS #atomedico

Durante 18 meses, governo brasileiro deu treinamento a cubanos e não moveu uma palha levar médicos às áreas carentes do país

Num debate havido no programa “Entre Aspas”, da GloboNews, comandado por Mônica Waldvogel, o senador Humberto Costa (PT-PE) afirmou, com todas as letras, que o governo brasileiro vinha tratando da importação de médicos cubanos havia já um ano e meio. Escrevi um post a respeito na segunda-feira. Costa afirmou literalmente:
“Esse programa já vem sendo trabalhado há um ano e meio. Boa parte desses cubanos já trabalharam em países de língua portuguesa, não têm dificuldade com a língua. E, ao longo desse um ano e meio, eles vêm tendo conhecimento sobre o sistema de saúde no Brasil, doenças que existem aqui e não existem lá…
Como se constata na fala acima, Costa não está a dizer que o programa estava sendo pensado apenas nos escaninhos da burocracia, que havia uma vaga ideia a respeito ou coisa, que, quem sabe?, o Brasil poderia fazer um dia. Nada disso!
O senador está a dizer que os cubanos “vêm tendo conhecimento sobre o sistema de saúde no Brasil, doenças que existem aqui e não existem lá…”O Estadão publica um texto informando que os cubanos vêm tendo aulas há seis meses.
Seis meses ou um ano e meio? Em qualquer dos casos, fica evidente que havia um programa secreto em gestação. Chegou-se a pensar por aqui que o governo tomou medidas meio atabalhoadas, pressionado pelas manifestações.
Costa, que deve conhecer o assunto porque é um petista graúdo e porque foi ministro da Saúde, afirmou que a coisa é bem mais antiga: remonta ao tempo em que a popularidade de Dilma estava lá nos cornos da Lua, e as ruas, pacíficas.
Seis meses ou um ano e meio? A diferença é, sim, relevante:
a: como, há um ano e meio, não havia a pressão (embora houvesse a necessidade) por mais médicos nos rincões do Brasil, isso sugere que a importação dos cubanos atendia mais a uma necessidade de Cuba do que do Brasil;
b: nesse um ano e meio, o Ministério da Saúde não moveu uma palha para atrair os médicos brasileiros para as áreas carentes. Por que não? Porque, afinal, havia um programa em curso;
c: os cubanos se espalham por praticamente todos os países da América Latina que hoje têm governos de esquerda. O Brasil, até havia pouco, era uma exceção;
d: cubanos ou brasileiros, os médicos que vão para essas áreas carentes terão de enfrentar um problema fundamental: a falta de infraestrutura.
A questão do tempo — se seis ou dezoito meses — só é irrelevante diante de uma questão óbvia: quando Alexandre Padilha, ministro da Saúde, anunciou, no mês passado, que o governo desistira dos médicos cubanos, ele estava contando o oposto da verdade.
Por Reinaldo Azevedo

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

NO BRASIL, OS FICHAS SUJAS SE DÃO BEM






Com Donadon na cadeia, entra o suplente Amir Lando, processado com Lula na Justiça Federal por suposto favorecimento ao banco BMG em créditos consignados, e sujeito a devolver R$ 9,5 milhões à Viúva.

Natan Donadon é preso de excelência ou excelência presa?

Oposicionistas desconfiam que Alves suspendeu sessão de quinta para aumentar a debandada na Câmara, favorecendo a absolvição.

CUBANOS PRESOS, AQUI E LÁ

Carlos Alberto Sardenberg, O Globo

O problema não é que sejam médicos, muito menos cubanos. O problema é o método de contratação, que convalida grave violação de direitos humanos.

Importar trabalhadores é normal. Importam-se, por exemplo, os melhores profissionais, para agregar conhecimento e expertise às práticas locais. Ou se traz um tipo de trabalhador que não se encontra no país importador. Ou ainda pessoas que topam salários e serviços que os locais não aceitam.

Este é o caso da importação de médicos pelo governo brasileiro. Tanto que os estrangeiros só poderão exercer um tipo de medicina e apenas nos lugares para os quais foram designados. Não vieram para transmitir alguma ciência ou prática nova. O médico de família e o atendimento básico não são novidades por aqui.

Mas são insuficientes, diz o governo. É um argumento. As entidades médicas brasileiras, portanto, não têm razão quando se opõem à importação em si.



Ocorre que a história não termina aí. Tão normal quanto a importação de trabalhadores é a exigência de qualificação — algum tipo de avaliação do profissional estrangeiro para saber se atende às necessidades nacionais. Todos os países fazem isso.

Portanto, o governo brasileiro pode abrir uma espécie de concurso internacional para contratar médicos. Mas, primeiro, eles têm que passar por prova de capacitação, como passa qualquer brasileiro quando entra para qualquer serviço público. Segundo, esse mercado deve ser livre.

Assim: o país importador oferece a oportunidade e dá as condições de trabalho, os estrangeiros, pessoalmente, se candidatam, fazem os testes e assinam o contrato. Esse documento, obviamente, pode ser rescindido. Imagine que o médico chega numa cidade remota e verifica que não tem a menor condição de atender. Ou não recebe o salário acertado. Ele pode retirar-se e rescindir o contrato. Inversamente, se começa a fazer besteira, o governo, o contratante, pode afastá-lo.

E se o médico, afinal, achar que entrou numa fria, e que sua família não se adaptou — ele pode pegar um ônibus, ir até o aeroporto mais próximo e embarcar, com seu passaporte e o de seus familiares, de volta para casa. Ou para Miami.

Essa é a situação dos médicos argentinos ou portugueses. Não é, obviamente, o caso dos cubanos. Estes não têm o contrato de trabalho com o governo brasileiro ou outra entidade local, não recebem salário brasileiro, não têm o direito de desistir, têm passaporte que só dá direito de voltar a Cuba, não têm, pois, a liberdade de deixar o Brasil e ir para qualquer lugar que desejarem.

São funcionários do governo cubano, destacados para trabalhar no Brasil — sob as regras contratuais do regime cubano, uma ditadura. E não poder trazer a família, que permanece refém em Cuba, sem poder viajar para o Brasil ou para qualquer outro lugar — isso é de uma violência sem limite.

Leia a íntegra em Cubanos presos, aqui e lá

"MAIS MÉDICOS" - MAIS UMA BOLA FORA DE DILMA

Na verdade, o programa deveria se chamar "Menos Médicos", já que os prefeitos estão demitindo os médicos brasileiros para ficar com os cubanos, custeados pela União.
Logo serão os professores, os dentistas, os engenheiros,... e a população fica na mesma.

*

Para aliviar as contas dos municípios, médicos contratados por diferentes prefeituras no país serão trocados por profissionais do Mais Médicos, programa do governo Dilma Rousseff (PT) para levar estrangeiros e brasileiros para atendimento de saúde no interior e nas periferias. Na prática, a medida anunciada à Folhapor prefeitos e secretários de saúde pode ameaçar a principal bandeira do plano: a redução da carência de médicos nesses lugares.

A reportagem identificou 11 cidades, de quatro Estados, que pretendem fazer demissões para receber as equipes do governo federal. Segundo as prefeituras, essa substituição significa economia, já que a bolsa de R$ 10 mil do Mais Médicos é totalmente custeada pela União.O plano de Dilma foi lançado em julho e provocou polêmica na classe médica principalmente devido à vinda de estrangeiros --incluindo 4.000 cubanos, que devem ser deslocados para 701 cidades que não despertaram interesse de ninguém na primeira fase do Mais Médicos.

Outro atrativo alegado por prefeituras para a troca de equipes é a fixação desse novo médico no município por um período mínimo de três anos. Prefeitos reclamam da alta rotatividade dos médicos, que não se adaptam à falta de estrutura nessas localidades.

As cidades que já falam em trocar suas equipes estão no Amazonas (Coari, Lábrea e Anamã), na Bahia (Sapeaçu, Jeremoabo, Nova Soure e Santa Bárbara), no Ceará (Barbalha, Cascavel, Canindé) e em Pernambuco (Camaragibe).

Hoje, as prefeituras recebem da União cerca de R$ 10 mil por equipe no programa Saúde da Família. Complementos de salários e encargos, porém, são pagos com recursos de cada cidade. Um exemplo é Coari, no Amazonas, a 421 km de barco de Manaus, onde a prefeitura paga R$ 25 mil para médicos recém-formados e R$ 35 mil para os especialistas.

"Somos obrigados a pagar esse valor ou ninguém aceita. Vamos tirar alguns dos nossos médicos e colocar os profissionais que chegarão do Mais Médicos", diz o secretário da Saúde, Ricardo Faria. A prefeitura diz que vai demitir um médico de seu quadro para trocá-lo por outro que chegará já na primeira fase do programa federal. Plano igual ao de Lábrea (a 851 km de Manaus), que tem seis médicos. "Pago R$ 30 mil para cada um deles. [Substituí-los] diminuiria os gastos da prefeitura", diz o prefeito Evaldo Gomes (PMDB).

(Folha de São Paulo)

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

CARISMA PRA QUE? PRECISAMOS DE GOVERNANTES QUE TENHAM CARÁTER E COMPETÊNCIA

O Brasil só vai ter jeito quando considerar a competência mais importante do que esse tal de "carisma". Eleição não é concurso de simpatia, é para decidir quem administra nossa grana.

Óbvio que será difícil para qualquer candidato vencer alguém sem carisma nem elegância, muito menos competência, entre outras virtudes inexistentes em Dilma Rousseff, mas que conta com campanhas explícitas nas programações e nos noticiários das redes de TV, o uso indevido da máquina do governo, marqueteiros que fazem verdadeiros milagres com sua imagem e muuuuuuuita grana.

Vejam um exemplo do que rola na internet e faz sentido, uma continha básica só com os médicos importados de Cuba:



Isso é só o começo. Já começaram a demitir os médicos brasileiros para colocar no lugar deles os médicos do programa do governo.
Dilma já prepara outros programas semelhantes, começando com o "Mais Professores", já anunciado pelo ministro da Educação, Aloízio Mercadante.
Logo serão os dentistas, os engenheiros e outras profissões que ainda não foram mencionadas, mas que também correm esse risco.

O mais patético de todos os fatos do momento é que os partidos estão aderindo à agenda de Lula, como vacas de presépio, e investem no que chamam de "NOVO", mas que não emplacam nas pesquisas, num total desrespeito, sem falar no preconceito, aos grandes nomes que já fizeram tanto pelo Brasil e que acumulam experiência e sabedoria, qualidades fundamentais para consertar o estrago que o PT está fazendo no país.

Se o brasileiro não fosse tão suscetível à influência da mídia e da propaganda, poderíamos, sim, ter um governo de verdade, como tem a Alemanha.

Que tal aderir à "BANALIDADE DO BEM"?


Sem carisma e sem elegância — mas sólida como o país que governa, a Alemanha — Merkel caminha para a reeleição

Sem Glamour e sem carisma, Merkel caminha para a reeleição(Foto: Kerstin Joensson / AP)
"A falta de carisma é uma vantagem competitiva num país sólido e rico onde, na definição do historiador inglês Timothy Garton Ash, prevalece hoje a “banalidade do bem”(Foto: Kerstin Joensson / AP)
Nota de Vilma Gryzinski, publicada em edição impressa de VEJA
A BANALIDADE DO BEM
Solidez e carisma zero põem líder alemã no caminho de mais uma reeleição
Um bocado de gente se acha no direito de dizer a Angela Merkel, a chanceler (primeira-ministra) da Alemanha, o que ela deve fazer.
A lista começa com presidentes variados, passa por líderes europeus de esquerda e de direita e chega até Karl Lagerfeld, o desbocado cérebro criativo da Chanel que resolveu dizer que a única pessoa de nacionalidade alemã mais importante do que ele não se veste bem.
Está aí uma crítica perfeitamente justa. Os demais detratores em geral se enquadram nas seguintes categorias: partidários da folia fiscal de todos os quadrantes, invejosos externos da fortaleza alemã e adversários políticos internos.
Estes andam mais combativos à medida que se aproximam as eleições de 22 de setembro e a perspectiva de outra reeleição de Merkel.
Chegaram a criticá-la por ter feito uma visita inédita ao campo de concentração de Dachau, acusando-a de exploração eleitoreira.
É claro que se tivesse recusado o convite, coincidente com o sombrio aniversário de oitenta anos de abertura do campo, o original do modelo nazista que se replicaria de forma mais sinistra e mortífera, a primeira-ministra teria sido igualmente malhada.
Com seu visual de glamour zero, ela fez exatamente o que havia planejado. A falta de carisma é uma vantagem competitiva num país sólido e rico onde, na definição do historiador inglês Timothy Garton Ash, prevalece hoje a “banalidade do bem”.
Perguntada certa vez a quem gostaria de oferecer um jantar, no sentido de ter uma conversa mais próxima, Merkel respondeu que não dava jantares.
O que lhe vem à cabeça quando pensa na Alemanha? “Janelas com bom isolamento térmico. Nenhum outro país faz janelas tão bem calafetadas e bonitas.”
Numa pesquisa recente realizada pela BBC britânica em 25 países, a Alemanha apareceu em primeiro lugar no índice de admiração, 10 pontos à frente da França. Devem ser as janelas.

QUEM DEVERIA SENTAR NO BANCO DOS RÉUS?

Ricardo Noblat

Finalmente apareceu alguém sem medo de confrontar a presidente da República - o diplomata Eduardo Saboia, cérebro da operação que resultou na retirada da Bolívia do senador Roger Pinto Molina, refugiado em nossa embaixada de La Paz há mais de 450 dias.

O Brasil acatara o pedido de asilo político dele, que denunciara autoridades do seu país por envolvimento com narcotráfico. A Bolívia negara o salvo-conduto para que Roger deixasse o país em segurança sob a acusação de que é corrupto.

Saboia disse que Roger não podia receber visitas. Nem circular dentro do prédio da embaixada. Nem se comunicar com a família. Nem tomar banho de sol. Uma autoridade do governo boliviano comentou certa vez que ele ficaria ali até morrer.

Eduardo Saboia

- Você imagina ir todo dia para o seu trabalho e ter uma pessoa trancada num quartinho do lado, que não sai? Aí vem o advogado e diz que você será responsável se ele se matar. Eu me sentia como se fosse o carcereiro dele, como se eu estivesse no DOI-Codi.

Presidente da República não bate-boca com funcionário de escalão inferior. Dilma bateu ao dizer ter provado da desumanidade dos DOI-CODIs. E que a distância que os separava das condições de vida na embaixada de La Paz equivalia à distância entre céu e inferno.

O dia sequer terminara e Saboia já replicava Dilma. "Eu que estava lá, eu que posso dizer. O carcereiro era eu. Ninguém mais viu aquela situação", respondeu. Desautorizou a presidente, portanto. E sugeriu que ela nada poderia falar a respeito porque simplesmente não estava lá.

Nenhum ministro, senador, deputado ou presidente de um dos poderes da República foi tão longe em relação a Dilma quanto Saboia, um mero encarregado de negócios que respondia por uma embaixada de segunda classe na ausência do embaixador.

Mas, de duas, uma. Dilma e o bando de assessores que a cercam não prestaram atenção no que afirmou Saboia. Ou prestaram, mas a presidente quis bancar a esperta e mudar o foco da discussão sobre o traslado do senador. Até este momento, a discussão é favorável a Saboia.

Recapitulemos. Disse Saboia: “Eu me sentia como se fosse o carcereiro dele, como se eu estivesse no DOI-Codi”. Era Saboia, bancando o carcereiro, quem se sentia como se estivesse no DOI-CODI. Não disse que o senador enfrentava condições semelhantes às dos DOI-CODIs.

As palavras ditas por Dilma: “Eu estive no DOI-Codi, eu sei o que é o DOI-Codi. E asseguro a vocês que é tão distante o DOI-Codi da embaixada brasileira lá em La Paz (Bolívia) como é distante o céu do inferno”.

Em resumo: Saboia disse uma coisa. Dilma, outra.

No último sábado, ao ficar sabendo que Roger chegara a Corumbá depois de rodar mais de mil e quinhentos quilômetros dentro de um carro da embaixada acompanhado por Saboia e dois fuzileiros navais, Dilma só faltou escalar as paredes do Palácio da Alvorada.

Cobrou a demissão imediata de Saboia ao ministro Antonio Patriota, das Relações Exteriores. Patriota estava em São Paulo pronto para viajar à Finlândia. Dilma foi grosseira com ele, como de hábito. Mandou que retornasse a Brasília. E o demitiu em seguida.

A indignação de Dilma tem a ver com duas coisas. A primeira: ela ficou mal diante do presidente Evo Morales. Que acusou o Brasil de desrespeitar tratados internacionais ao providenciar a fuga de Roger sem que ele tivesse obtido antes um salvo-conduto.

A segunda coisa: Dilma tem medo de que reste provada a negligência do governo brasileiro no caso do senador boliviano. Saboia tem como provar a negligência. E para evitar que o governo tente por um fim em sua carreira diplomática de mais de 20 anos, está disposto a provar.

- Eu perguntava da comissão bilateral para resolver a questão do senador, e as pessoas me diziam: "Olha, aqui [no Brasil] é empurrar com a barriga.". Tenho e-mails dizendo: "A gente sabe que é um faz de conta, eles fingem que estão negociando e a gente finge que acredita".

Tem um filme na praça chamado “Hannah Arendt”. Conta a história do julgamento em Jerusalém do carrasco nazista Adolf Eichmann. E da cobertura do julgamento feita para a revista americana The New Yorker pela filósofa judia de origem alemã Hannah Arendt.

A teoria da “banalidade do mal” começou a nascer ali quando Hannah se convenceu de que Eichmann, de fato, não se sentia responsável pela morte de milhões de judeus. Ele não se cansou de repetir em sua defesa: apenas cumprira ordens.

Ninguém ordenou que Saboia tentasse salvar a vida do senador boliviano que ameaçava se matar, segundo atestados médicos. Mas sentindo-se responsável por ele, Saboia decidiu em certo momento obedecer ao que mandava a sua própria consciência.

Alguns dias antes de fazê-lo, despachou para o Itamaraty uma mensagem antecipando o que iria se passar. A resposta foi o silêncio. Quem por aqui se lixava para a sorte do senador boliviano? Quem em La Paz se lixava?

Por negligência, omissão e desumanidade, Saboia não poderá ser punido. Não deverá ser punido. Não merece ser punido. Por tais crimes são outros que deveriam sentar no banco dos réus.

DILMA PRETENDE PUNIR QUEM DEVERIA SER CONDECORADO

Saboia alegou razões humanitárias e ameaçou revide

UOL

O ex-embaixador do Brasil na Bolívia, Marcel Fortuna Biato, e o ex-encarregado de negócios no país, Eduardo Paes Saboia, foram oficialmente demitidos dos postos por ordem do Ministério das Relações Exteriores. A portaria com as exonerações dos dois foi publicada na edição desta quinta-feira (29) do Diário Oficial da União.

A remoção dos diplomatas ocorre no momento em que há uma crise causada pela vinda do senador boliviano Roger Pinto Molina de La Paz, capital da Bolívia, a Brasília. Antes de sua demissão, Saboia ameaçou retaliar o governo brasileiro caso fosse responsabilizado pela operação que trouxe o opositor ao Brasil. "Se vierem para cima de mim, tenho elementos de sobra para me defender e para acusar", disse. O Itamaraty preferiu não comentar as declarações.

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'O carcereiro era eu', afirma, em resposta a Dilma, diplomata que cuidou de senador boliviano

O novo ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo Machado, disse na quarta-feira (28) que Biato vai trabalhar no Brasil, mas não disse em qual função. Biato estava cotado para ser o embaixador do Brasil na Suécia, indicação retirada pela Presidência da República na terça-feira (27).

Diplomata pode ser expulso

Saboia pode ser alvo de uma série de punições que vão de uma advertência oral até a exoneração da carreira diplomática. Ele está afastado das funções diplomáticas enquanto é alvo de investigações pela comissão de sindicância, formada por um auditor fiscal e dois embaixadores, que apuram sua atuação no caso de Pinto Molina.

O ex-encarregado de negócios afirma que tomou a decisão de ajudar Molina a vir ao Brasil por razões humanitárias. Segundo ele, o senador boliviano estava deprimido e dava sinais de que pretendia se suicidar.

A crise causada pela retirada de Pinto Molina da Bolívia causou a demissão do chanceler Antonio Patriota, substituído por Figueiredo. Para setores do governo, Saboia desrespeitou a hierarquia do Itamaraty.

Com mais de 20 anos de carreira, o diplomata é elogiado por superiores e colegas, como um profissional sério, dedicado e disciplinado. Nos últimos meses, ele se queixava da tensão causada pela indefinição sobre Molina.

Figueiredo e seu antecessor já haviam defendido na tarde desta quarta-feira (28) que a hierarquia fosse respeitada dentro das instituições. "Sem isso, correríamos o risco de desencadear processos de consequências imprevisíveis", afirmou Patriota, durante seu discurso na cerimônia de transmissão de cargo, em Brasília.

Na avaliação de Patriota, a quebra de hierarquia pode "causar prejuízos à nossa credibilidade, à capacidade de ação e à habilidade de exercer influência e solucionar questões, até mesmo aquelas com componente humanitário e de proteção dos direitos humanos".

CHEFÃO PARTICIPA DE HOMENAGEM À QUADRILHA DO MENSALÃO

CUT reúne e festeja a quadrilha do Mensalão.


No Coturno

Os quadrilheiros do Mensalão, José Dirceu e Delúbio Soares, ambos condenados à prisão em regime fechado, foram homenageados hoje na festa dos 30 anos da CUT (Central Única dos Trabalhadores), em São Bernardo do Campo, cidade que também foi o berço do PT. Dirceu teve assento reservado do lado do Chefe. Até parece que estou ouvindo aquela música: láraláláraláralálálálá...

"Quero cumprimentar dois companheiros que iluminam a militância petista e não tem medo de fazer política e sair a rua de cabeça erguida: José Dirceu e Delúbio Soares, nós temos um orgulho enorme de vocês", disse em seu discurso o presidente da CUT, Wagner Freitas.

O presidente da CUT está enganado. Eles não poderão sair às ruas de cabeça erguida. Eles irão para a cadeia. Só poderão sair de lá algemados, dentro de um camburão.

MENSALEIROS SE ABSTÊM DE VOTAR NA CASSAÇÃO DE DONADON



Por: 

Os deputados mensaleiros decidiram se abster, nesta quarta-feira (28), de votar na sessão sobre a cassação do deputado Natan Donadon (sem partido-RO). Nenhum dos três votou: José Genoino (PT-SP) nem apareceu no Plenário, Valdemar Costa Neto (PR-SP) registrou presença, mas não votos, e Pedro Henry (PP-MT) fez o mesmo: bateu ponto e escafedeu-se.

E O CASO DO TERRORISTA BATTISTI, NÃO OFENDEU A SOBERANIA DA ITÁLIA?

PARA MINISTRO, FUGA DE SENADOR ASILADO ‘FERIU’ A BOLÍVIA
Apesar do caos no Rio, ministro diz que logística durante JMJ funcionou
Em meio à crise diplomática entre Brasil e Bolívia por causa da fuga do senador Roger Pinto Molina, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, afirmou que a operação feita pelo diplomata Eduardo Saboia foi um episódio “inadequado” e que desrespeitou a soberania de La Paz. Evitando comentar qual o possível desfecho para a situação do senador, Carvalho afirmou esperar que o processo em torno das acusações contra Molina “possa evoluir” para que se tenha clareza da natureza das acusações.
“Não é adequado que nós tomemos qualquer atitude que firam a soberania de um País. E, no caso, nós entendemos que não foi adequada a atitude de se tirar do país esse senhor, esse senador”, comentou o ministro a jornalistas, ao participar de encontro com movimentos sociais no Palácio do Planalto. “O governo brasileiro não aprova essa atitude. Não importa o país, seja a Bolívia, Estados Unidos, França, Inglaterra ou Japão, todos temos de trabalhar, nos comportar, respeitando a soberania.”
Carvalho argumentou que “não é porque a Bolívia é um país frágil que podemos de tratá-la de maneira diferenciada”. O ministro acrescentou que não sabe se a atitude seria a mesma caso o cidadão estivesse em um país como Estados Unidos, França ou Inglaterra, destacando que não queria julgar as intenções do diplomata.
Ele evitou responder qual pode ser o desfecho deste caso. “Não sou especialista em política internacional, não posso sugerir soluções.” Na avaliação do ministro, não há crise efetiva nas relações entre Brasília e La Paz, “porque a reação do governo brasileiro foi muito imediata, desaprovando o gesto praticado”.