Andrea Matarazzo: gente decente se incomoda, sim, quando é acusada; os profissionais da ladroagem é que têm sangue frio e não se importam
Por Reinaldo Azevedo
Andrea Matarazzo é, sim, meu amigo — e isso não tem nem nunca teve nenhuma relação com política. Se alguém decretar amanhã o fim da dita-cuja, a amizade continuará. As circunstâncias da vida privada não interessam a ninguém, sei disso, mas, se um testemunho vale alguma coisa, sei que, hoje como antes, a vida pública mais lhe rende perdas objetivas — dinheiro — do que ganhos. É uma pessoa de bem. “Ah, mas por que está na política?” Talvez a pergunta pudesse ter sido feita a um de seus tios, que o fez seu herdeiro, Ciccillo Matarazzo: “Mas por que esse aí decidiu se meter com a arte?”. A Bienal ou o Museu de Arte Moderna poderiam explicar.
O indiciamento de Andrea, que é vereador (PSDB), pela Polícia Federal, já demonstrei aqui, é uma das coisas mais absurdas de que tive notícia nos últimos anos. Já expliquei os motivos. No Estadão desta sexta, ele concedeu uma entrevista aos jornalistas Fausto Macedo e Marcelo Godoy. Está visivelmente abatido. Gente decente não gosta de ver seu nome envolvido em supostas lambanças. Pensa até em deixar a política, que é o que lhe cobra a família, farta da baixaria.
Dá para compreender os motivos. Sempre me ocorre a estupefaciente frase de José Dirceu, referindo-se à sua atuação no mensalão: “Estou cada vez mais convencido da minha inocência”. Sem dúvida, é a fala de alguém a quem interessa, antes de mais nada, a versão. Mas há quem se contente mesmo é com a verdade.
Reproduzo abaixo a entrevista. Há muito tempo não via na imprensa um depoimento tão sincero e contundente. “Pra que continuar nisso?”, cobrou uma senhora da família Matarazzo. Espero que ele não ceda a essa justa pressão. Mas dá para entender perfeitamente a sua indignação e a das pessoas que o cercam. Leiam a entrevista: (AQUI)
Espero que Andrea Matarazzo, apesar de tudo, não desista. A política não pode ser o território privilegiado dos maus.
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