A saúde hoje no Brasil chegou a um verdadeiro caos.
O SUS se dilacerou, os Planos de Saúde viraram SUS, e a consulta particular virou Plano de Saúde quanto ao tempo de espera da consulta.
Hoje não há quem se diga satisfeito com o atendimento médico no país, em todas as classes sociais, seja na classe baixa, média ou alta. Todos mal atendidos.
Há falta de médicos, devido à falta de planejamento e de investimento na formação profissional, o que não ocorreu nos últimos anos.
Ao invés de se implementar uma política de desenvolvimento para as universidades, a prioridade se deu para a criação de cotas no ensino superior, e agora na importação de médicos.
A vinda de médicos estrangeiros é meritória como medida emergencial, com restrições ao seu formato em relação aos cubanos.
Os cubanos chegam ao Brasil sem atender às normas da CLT, e sem a necessidade de validar o seu diploma para a atuação, mesmo que em área específica.
Com relação à CLT, é digno se notar a discreta manifestação do Ministério Público em relação ao assunto, já que boa parte do crescimento do emprego formal nos últimos 10 anos deveu-se à mais intensa fiscalização do Ministério do Trabalho sobre as pequenas e médias empresas, convertendo forçadamente empregos nitidamente temporários em contratos CLT, muitas vezes em desajuste com os interesses de empregadores e empregados, com sucessivas comemorações do aumento do emprego formal.
A falta de exigência da validação dos diplomas é outra afronta aos Conselhos de Medicina do país, órgãos reguladores do exercício da profissão, resguardando-se o governo na forma jurídica de contratação de consultoria do exterior. É legal, mas não é ético.
Quanto às cotas nas universidades, em pesquisa realizada com professores, técnicos e estudantes da UFRJ em 2005, 86% concordam que o melhor seria o governo investir em áreas pobres para o desenvolvimento social do que criar cotas nas universidades, contra 6% que apoiam a medida do governo; 55% acham que não é justa a criação de cotas nas universidades, contra 24% que acham que sim; e 58% acreditam que o sistema de cotas irá aumentar a descriminação social e racial no país, contra 32% que não.
Hoje, boa parte dos estudantes que entraram no ensino universitário de ponta através de cotas não conclui o ensino superior, tendo desempenhado um papel político atribuído e impedido a formação de mais um profissional qualificado para o mercado.
Quão longe estão as cotas dos ideais de excelência da Faculdade de Medicina da USP e de Zeferino Vaz na Escola de Medicina de Ribeirão Preto, na geração da capacidade hoje existente no Sírio Libanês, Albert Einstein, Beneficência Portuguesa, Hospital do Coração, Hospital das Clínicas de São Paulo, e tantos outros, para onde correm a classe política e a elite brasileira no caso de necessidade e emergência.
Urge uma política educacional de formação de qualidade para o país.
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Ricardo Guedes, Ph.D. em Ciências Políticas pela Universidade de Chicago, é Diretor-Presidente do Instituto de Pesquisa Sensus.
Ricardo Guedes, Ph.D. em Ciências Políticas pela Universidade de Chicago, é Diretor-Presidente do Instituto de Pesquisa Sensus.
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