Petistas chapa-branca de Porto Alegre expulsam manifestantes que protestavam contra a corrupção, acusando-os de ser tucanos.
É de lascar! Em Porto Alegre, petistas e cutistas organizaram a tal “Marcha dos Excluídos”. É uma contradição nos próprios termos. Se é petista e cutista, é, então, incluído, certo? Parte considerável deles, inclusive, está na folha de pagamentos de algum ente estatal. Os valentes distribuíam um panfleto — prestem atenção! — cujo lema era este: “”Expressar e participar: direito e liberdade”. Huuummm…
Aí, um jovem estudante de engenharia chamado Matheus Caetano, de 18 anos, achou que, dada essa orientação, poderia distribuir uns cartazes contra a corrupção. Engano! O PT e a CUT não aceitam que se proteste contra a corrupção. Expulsaram o rapaz, acusando-o de ser tucano e “coxinha”. Leiam a reportagem de Letícia Duarte, no Zero Hora. Lá está também o vídeo em que uns brucutus tentam explicar a Matheus por que distribuir aqueles cartazes é uma coisa errada.
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O folheto confeccionado para o 19º Grito dos Excluídos apresenta como slogan: “Expressar e participar: direito e liberdade”. Mas essa liberdade só vale para protestar por determinadas causas: um estudante de 18 anos que participava das manifestações em Porto Alegre, na manhã deste Sete de Setembro, foi expulso do movimento por estar distribuindo placas contra a corrupção.
Afirmando que se tratava de uma pauta da oposição, inserida por “infiltrados” e “coxinhas”, representantes de sindicatos como a CUT rechaçaram a distribuição dos materiais independentes, insistindo que o foco na mobilização era outro — lutar pela “democratização da comunicação” e pela “reforma política”.
A divergência começou antes mesmo da saída dos manifestantes do Largo Glênio Peres. Ao ver uma série de placas pintadas em verde e amarelo com a frase “Fim da Corrupção, + Saúde”, um representante da CUT foi ao microfone para condená-las, pedindo a seus apoiadores para ignorá-las e convidando os apoiadores das “placas” a se afastar do grupo.
No meio do caminho, a tensão aumentou quando o grupo cruzou com o estudante de engenharia Matheus Caetano, 18 anos, que estava distribuindo as peças. Pelo menos quatro pessoas o cercaram, pedindo para que se afastasse do grupo e interrompesse a entrega de seu material, acusando-o de ser “de direita” e do “PSDB” por causa das placas que carregava. O estudante se afastou dos manifestantes, mas fez questão de continuar a distribuição entre o público que assistia aos desfiles.
“É um direito. Agora eles vão vir me agredir porque eu estou distribuindo plaquinhas? Plaquinhas que não têm nenhum partido por trás… Fui expulso por tentar mudar o país… Não tem por que eu parar de fazer algo para mudar o país”, desabafou o jovem, universitário da PUC.
Perto dele estava o avô Sérgio Ribeiro, 76 anos, que é proprietário de uma empresa de plásticos em Gravataí. Ribeiro garante que foi dele a ideia de confeccionar as placas, num total de mil peças, feitas com sobras de materiais da empresa. E até a pintura das placas foi feita em família, durante horários de folgas, ao longo de dois meses. “Eu acho que cada um tem que fazer o seu pedaço, e é isso que eu quero fazer. Pra não dizer que nunca tive partido, quando tinha 18 anos me filiei ao PL, mas logo me desiludi e saí”, disse.
Presidente da CUTRS e um dos coordenadores do grito dos Excluídos, Claudir Néspolo disse que o movimento criticou as placas contra a corrupção por ter identificado “um grupo tentando pegar carona” no movimento. A atividade de ontem foi promovida por organizações como Via Campesina, CUT, CTB, Movimento dos Trabalhadores Desempregados e Pastorais Sociais da Igreja Católica.
“A gente não sabe quem está por trás, mas não eram bandeiras dos movimentos que organizaram o grupo. A gente solicitou que eles se organizassem no seu coletivo e se manifestassem, como deve ser numa democracia, mas com o grupo deles. Quem mandou fazer aquelas placas têm interesses partidários, querem disputar um outro projeto para o Brasil. Nós respeitamos, mas cada um no seu grupo”, justificou.
Para seu Ribeiro, a explicação para uma reação tão ostensiva às placas que sua família confeccionou e distribuiu é outra. “Acho que as pessoas querem continuar com a corrupção… isso é uma vergonha. Eu tenho vergonha na cara. E vou continuar participando dos protestos”, assegurou.
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