Marina e Eduardo Campos logo saberão do que o PT é capaz para continuar no poder
Augusto Nunes
Seja quem for o candidato do PSB, a aliança entre Eduardo Campos e Marina Silva tornou inevitável o segundo turno na eleição presidencial de 2014. Assim que se recuperar da pancada, Lula, que começou a colecionar bravatas ainda nos trabalhos de parto, recomeçará a recitar que Dilma Rousseff ganhará o jogo no primeiro tempo ─ e o marqueteiro João Santana, que ganha boladas de bom tamanho para prever o que o freguês deseja, saberá como explicar por que os concorrentes não voltarão do vestiário. Mas nem os devotos de olho rútilo e lábio trêmulo conseguirão acreditar no mestre que tudo sabe e tudo vê (menos escândalos que protagoniza e roubalheiras na sala ao lado).
Eduardo Campos e Marina Silva vão tirar votos tanto do PT quanto do PSDB, mas não é difícil descobrir quem perde mais (muito mais): basta conferir a reação dos sacerdotes da seita lulopetista, dos aliados loucos por ministérios, dos colunistas estatizados, dos repórteres federais e dos blogueiros de aluguel. Alguns enfileiram prodigiosas piruetas mentais para provar que um mais um é igual a zero. Outros garantem que todos os eleitores da ex-senadora do Acre são contrários ao casamento eleitoral com o governador pernambucano, cujos seguidores rejeitam a noiva. Os mais pragmáticos já tratam de colocar em prática o manual da cafajestagem.
“Em 2013 o bicho vai pegar”, preveniu Gilberto Carvalho no fim do ano passado. “Nós podemos fazer o diabo na hora da eleição”, confirmou Dilma Rousseff.
Previsivelmente, tão logo se consumou a aliança inesperada, começou a tomar forma na internet a onda de ataques desabridos e boatos insultuosos que costuma anunciar o tsunami de canalhices concebidas para ganhar-se a eleição. Utilizada desde sempre contra candidatos tucanos apoiados pelo PFL que virou DEM e pelo PPS, a metodologia do vale-tudo aperfeiçoada nas catacumbas do PT desta vez será estendida ao PSB.
Em 2010, Marina foi tratada pelos ex-companheiros com a brandura reservada a ovelhas desgarradas que, sem chances reais de vitória, poderão reaproximar-se do rebanho num segundo turno. As coisas mudaram, já aprendeu a ex-senadora impedida de formar seu próprio partido. Ela e Eduardo Campos logo saberão do que o PT é capaz para manter-se no poder. O arsenal de armas sórdidas, imenso e variado, é suficiente para mais de um inimigo.
A um ano da eleição presidencial, é difícil prever com exatidão o que acontecerá. O que está claro é que o que acabou de acontecer foi muito ruim para o PT ─ e, por consequência, muito animador para quem desconfia que a reeleição de Dilma Rousseff é o caminho mais curto para despenhadeiro. “Foi um direto no fígado”, Lula deixou escapar ao saber da união celebrada por dois de seus antigos ministros. Quem conhece boxe sabe que esse tipo de golpe, aplicado com precisão, frequentemente precede o nocaute.
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