Blog de Augusto Nunes
Nos últimos dez meses, enquanto recitava que a inflação estava sob controle, Dilma Rousseff tentou rebaixar a “pessimistas de plantão” ou “pessoas que torcem para que o Brasil dê errado” todos os que enxergaram o perigo escancarado pela altitude dos índices.
Nesta segunda-feira, durante a cerimônia festiva promovida por uma revista estatizada, a presidente enfim admitiu ter visto o que até agora jurava não enxergar. Mas a assombração, além de ter aparecido uma vez só, já foi algemada, mentiu a supergerente de araque.
“A inflação que no início do ano se mostrava alta e incomodava a todos foi enfrentada sem tréguas”, decolou a oradora. A salva de palmas reiterou que Dilma estava em casa.
Se houvesse por lá um único e escasso jornalista de verdade, é improvável que a presidente se atrevesse a usar verbos no passado ─ “mostrava”, “incomodava” ─ para tratar de um problema presente que tende a agravar-se no futuro imediato. E talvez evitasse confinar “no início do ano” uma sequência de algarismos inquietantes que vai chegar a dezembro sem ter sido interrompida.
(...)
A exemplo da companheira Cristina Kirchner, Dilma acha que o resto do mundo não sabe o que fez no mês passado (e fará no próximo). Também parece convencida de que o País do Carnaval acredita em tudo: “Nós vencemos a inflação, estabilizamos as contas públicas, pagamos a dívida externa, saímos da supervisão do FMI e emergimos neste século como uma das maiores economias do planeta”, flutuou na estratosfera a presidente que comemora até leilão de um lance só. Se melhorar, estraga, concordou a ovação dos áulicos.
Leia mais em Dilma finge que algemou a inflação
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