Há anos uma disputa toma conta do debate político nacional: o que mudou mais o Brasil, a década dos governos Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso, entre 1992 e 2002, ou a das gestões Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff? Ou, colocado de forma mais sintética: o PSDB ou o PT? Nos últimos anos, incontáveis discursos e peças publicitárias foram feitos para tentar fazer valer um ou outro ponto de vista.
A partir da divulgação, há duas semanas, da mais recente Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do IBGE, referente a 2012, O GLOBO traçou uma comparação dos avanços, e eventuais retrocessos, ocorridos nas duas últimas décadas.
Com base nos números, é possível afirmar: os tucanos foram os responsáveis por avanços mais sólidos na Educação, na expansão de serviços públicos e na ampliação dos bens de consumo básicos, enquanto os petistas tiveram resultados sensivelmente melhores nos indicadores relacionados ao trabalho e à redução da desigualdade social.
(dados sobre trabalho e desigualdade social são questionávies, já que Lula simplesmente herdou os programas sociais já consolidados no governo FHC, sem esquecer que antes de assumir o poder Lula era radicalmente contra os tais programas de transferência de renda. E sobre o trabalho, não podemos ignorar que os milhões de brasileiros que não querem trabalhar, pois se acomodaram na situação de dependentes crônicos, não são contabilizados na apuração dos índices de desemprego).
INFOGRÁFICO: VEJA A EVOLUÇÃO DOS ÍNDICES DOS GOVERNOS TUCANOS E PETISTAS
Luz e água: expansão nos anos 90
No período entre 1992 e 2002, houve uma expansão sensivelmente maior nos serviços públicos básicos — iluminação elétrica, esgotamento sanitário, abastecimento de água e coleta de lixo — do que na década petista. No caso da eletrificação, apesar da propaganda oficial intensa do governo Lula em relação ao programa “Luz Para Todos”, a maior expansão do sistema ocorre na década anterior, quando o percentual de domicílios atendidos sai de 88,8% para 96,6%, deixando a situação perto da universalização, praticamente obtida em 2012, com o atendimento de 99,7% das residências.
Na coleta de lixo, a diferença é ainda maior. Entre 1992 e 2002, o percentual de domicílios com lixo coletado vai de 66,6% para 84,8%, um avanço de 27,4%. Desde o fim do governo FH, o crescimento foi de apenas 6,01%. Com a estabilização da moeda e a abertura da economia durante os governos Itamar/FH, os eletrodomésticos básicos, como geladeira, fogão e televisão, também chegaram aos domicílios mais pobres. A expansão desses itens é aproximadamente duas vezes maior nos governos tucanos em relação aos governos petistas.
Educação é outra área medida pela Pnad em que os avanços obtidos entre 1992 e 2002 foram mais relevantes. Os governos Fernando Henrique/Itamar praticamente universalizaram o ensino fundamental, elevando de 86,6% para 96,9% o índice de crianças entre 7 e 14 anos na escola. A vantagem se repete na expansão do número de crianças de 5 e 6 anos e de 15 a 17 anos em sala de aula. No primeiro grupo, o avanço é de 43,2% entre 1992 e 2002, contra 19,2% entre 2002 e 2012; e entre os adolescentes a diferença é ainda maior: 36,6% na década tucana contra 3,4% na década petista. Os índices também são favoráveis aos tucanos na redução do analfabetismo e na elevação do percentual de pessoas com mais de oito anos de estudo.
O grande trunfo dos petistas são os indicadores sobre trabalho, redução da desigualdade social e elevação da renda real dos brasileiros. Na comparação fechada das duas décadas, a vantagem do governo petista no avanço da renda real, corrigida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor, é ligeiramente superior — 26,3% — contra 25,5% entre 1992 e 2002.
A dinâmica dos avanços foi muito distinta. Com a criação do Plano Real e a consequente estabilização de preços, a renda média do trabalhador avança 43% entre 1992 e 1996.
(...)
Entre os principais indicadores de trabalho, dois apresentam dados favoráveis aos tucanos. Trata-se da presença das mulheres no mercado de trabalho, que cresce 7,5% nos governos Itamar/FH contra 2,6% nos governos Lula/Dilma, e da formalização dos empregados domésticos. Entre 1992 e 2002, há um aumento de 48,7% no percentual de trabalhadores domésticos com carteira assinada contra 11,6% de crescimento entre 2002 e 2012. Chama atenção o fato de que na última década cai o percentual de pessoas que trabalham por conta própria ou são empregadores.
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