Por Sandro Vaia
O papa Francisco aqueceu tenros e ingênuos corações socialistas com a divulgação da Exortação Apostólica Evangelii Gaudium (A Alegria do Evangelho), que alguns jornais definiram como “a base para a maior reforma” da Igreja em 30 anos.
Claro que os jornalistas adoram escarafunchar todas as palavras ditas pelo papa, todos os documentos que assina, e estão sempre prontos a ver em qualquer movimento da Igreja as bases de uma “grande revolução”.
Ainda mais quando é um papa recém eleito, é latino-americano, torce para o San Lorenzo de Almagro e deu sinais exteriores de humildade explícita com relação à histórica pompa vaticana.
Difícil convencer os afoitos que uma instituição secular como a Igreja Católica é secular exatamente pela conservação do seu patrimônio de valores éticos, que só oscilam na sua abordagem formal e nunca em sua essência.
A Exortação Apostólica de Francisco é um documento menos importante que uma encíclica, que é o meio tradicionalmente usado para tratar de questões doutrinárias, e defende conceitos de abertura missionária da Igreja, que é uma tradição jesuítica.
“Precisamos de igreja com as portas abertas para evitar que aqueles que estão em busca de Deus encontrem a frieza da porta fechada”.
Sobre questões de princípio, nada mais claro do que esta condenação do aborto: “Não se deve esperar que a Igreja mude de posição sobre essa questão. Não é progressista fingir resolver os problemas eliminando uma vida”.
Quando Francisco diz que “o atual sistema econômico é injusto pela raiz”, houve quem o saudasse como se um teólogo da libertação em pessoa estivesse se revelando. Pura ignorância histórica.
A Igreja Católica sempre condenou o capitalismo tout court e isso está explícito nos seus documentos históricos, como aRerum Novarum, do papa Leão XIII, em maio de 1891, ou na encíclica Menti Nostrae, de 1950, escrita por Pio XII, um papa tido historicamente como reacionário.
A Doutrina Social da Igreja defende explicitamente o direito à propriedade, desde que se reconheça a “função social de qualquer posse privada”, condena claramente a ganância e, como Francisco, acha que “dinheiro deve servir, não dominar”.
Assim é ocioso que tanto liberais quanto socialistas condenem a Igreja Católica por ser o que todos sabem que ela é. Alguns não querem que a Igreja dê palpites sobre o que não é sua especialidade — o ordenamento econômico — e outros insistem em que ela trate secularmente dogmas de fé como a oposição ao aborto.
A Igreja Católica é, sim, e sempre foi contra o capitalismo e contra o que ela entende que sejam seus males, mas defende a liberdade econômica sob certas condicionantes, e a liberdade dos indivíduos. A teologia da libertação não tem chance de prosperar com Francisco. A Instrução Libertatis Conscientia, de 1986, continua em vigor:
“Muito frequentemente, porém, a justa reivindicação do movimento operário conduziu a novas servidões, por inspirar-se em concepções que, ignorando a vocação transcendente da pessoa humana, atribuíam ao homem um fim meramente terrestre. Algumas vezes, ela voltou-se para projetos coletivistas, que gerariam injustiças tão graves quanto às que pretendiam pôr um fim”.
Se há alguma coisa que se pode deduzir da “exortação apostólica” de Francisco é que a Igreja Católica, goste-se ou não dela, continua sendo o que é.
O papa Francisco aqueceu tenros e ingênuos corações socialistas com a divulgação da Exortação Apostólica Evangelii Gaudium (A Alegria do Evangelho), que alguns jornais definiram como “a base para a maior reforma” da Igreja em 30 anos.
Claro que os jornalistas adoram escarafunchar todas as palavras ditas pelo papa, todos os documentos que assina, e estão sempre prontos a ver em qualquer movimento da Igreja as bases de uma “grande revolução”.
Ainda mais quando é um papa recém eleito, é latino-americano, torce para o San Lorenzo de Almagro e deu sinais exteriores de humildade explícita com relação à histórica pompa vaticana.
Difícil convencer os afoitos que uma instituição secular como a Igreja Católica é secular exatamente pela conservação do seu patrimônio de valores éticos, que só oscilam na sua abordagem formal e nunca em sua essência.
A Exortação Apostólica de Francisco é um documento menos importante que uma encíclica, que é o meio tradicionalmente usado para tratar de questões doutrinárias, e defende conceitos de abertura missionária da Igreja, que é uma tradição jesuítica.
“Precisamos de igreja com as portas abertas para evitar que aqueles que estão em busca de Deus encontrem a frieza da porta fechada”.
Sobre questões de princípio, nada mais claro do que esta condenação do aborto: “Não se deve esperar que a Igreja mude de posição sobre essa questão. Não é progressista fingir resolver os problemas eliminando uma vida”.
Quando Francisco diz que “o atual sistema econômico é injusto pela raiz”, houve quem o saudasse como se um teólogo da libertação em pessoa estivesse se revelando. Pura ignorância histórica.
A Igreja Católica sempre condenou o capitalismo tout court e isso está explícito nos seus documentos históricos, como aRerum Novarum, do papa Leão XIII, em maio de 1891, ou na encíclica Menti Nostrae, de 1950, escrita por Pio XII, um papa tido historicamente como reacionário.
A Doutrina Social da Igreja defende explicitamente o direito à propriedade, desde que se reconheça a “função social de qualquer posse privada”, condena claramente a ganância e, como Francisco, acha que “dinheiro deve servir, não dominar”.
Assim é ocioso que tanto liberais quanto socialistas condenem a Igreja Católica por ser o que todos sabem que ela é. Alguns não querem que a Igreja dê palpites sobre o que não é sua especialidade — o ordenamento econômico — e outros insistem em que ela trate secularmente dogmas de fé como a oposição ao aborto.
A Igreja Católica é, sim, e sempre foi contra o capitalismo e contra o que ela entende que sejam seus males, mas defende a liberdade econômica sob certas condicionantes, e a liberdade dos indivíduos. A teologia da libertação não tem chance de prosperar com Francisco. A Instrução Libertatis Conscientia, de 1986, continua em vigor:
“Muito frequentemente, porém, a justa reivindicação do movimento operário conduziu a novas servidões, por inspirar-se em concepções que, ignorando a vocação transcendente da pessoa humana, atribuíam ao homem um fim meramente terrestre. Algumas vezes, ela voltou-se para projetos coletivistas, que gerariam injustiças tão graves quanto às que pretendiam pôr um fim”.
Se há alguma coisa que se pode deduzir da “exortação apostólica” de Francisco é que a Igreja Católica, goste-se ou não dela, continua sendo o que é.
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