Cartel: tucanos dizem que adulteração de carta tem 'digitais' do Cade e de deputado petista
Secretários de Alckmin afirmam que deputado petista cometeu crime. Senador do PSDB cobra explicações do ministro José Eduardo Cardozo
Secretários de Alckmin afirmam que deputado petista cometeu crime. Senador do PSDB cobra explicações do ministro José Eduardo Cardozo
Felipe Frazão e Gabriel Castro - VEJA
Edson Aparecido, chefe da Casa Civil de Alckmin: 'PT aparelhou o Cade'. (Divulgação/Governo do Estado de SP)
Os secretários estaduais de São Paulo Edson Aparecido (Casa Civil) e José Aníbal (Energia) afirmaram nesta quinta-feira que a adulteração de uma carta que integra as investigações sobre o cartel do metrô paulista "tem as digitais" do deputado estadual licenciado Simão Pedro (PT) e do presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), Vinícius Marques de Carvalho. O PSDB acusa os petistas de alterarem o documento para atingir integrantes do partido: a versão em português cita pagamentos de propina a "políticos do PSDB" e ao "pessoal do PSDB", mas o texto em inglês não. A carta é atribuída ao ex-diretor da Siemens Everton Rheinheimer.
“As pessoas que estão envolvidas nesse processo desde o início são o deputado Simão Pedro e o presidente do Cade, Vinícius Marques de Carvalho. É evidente que tem as digitais dessas duas pessoas no processo”, afirmou Aparecido ao site de VEJA. “E infelizmente agora as do ministro [José Eduardo Cardozo, da Justiça], pelo procedimento que teve.”
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Filiado ao PT por treze anos, o presidente do Cade foi chefe de gabinete de Simão Pedro, atualmente licenciado para comandar a Secretaria de Serviços da prefeitura paulistana, na Assembleia Legislativa. Simão Pedro nega ter modificado o documento, mas disse que a bancada petista na Assembleia tinha as versões do texto nos dois idiomas em 2010. Ele afirmou ter levado à denúncia ao ministro da Justiça, mas recorreu a um caminho nada protocolar: em vez de marcar uma audiência oficial em Brasília, foi à casa do ministro, em São Paulo, em um sábado levar os papéis.
O PSDB divulgou duas versões de uma correspondência encaminhada, em 2008, ao então ombudsman da Siemens na Alemanha, Hans-Otto Jordan. Ambas trazem o carimbo da PF com a indicação das páginas do inquérito em que foram inseridas. São denúncias de práticas ilegais envolvendo contratos da Linha 5 do Metrô de São Paulo, CPTM e Metrô do Distrito Federal. Na versão em português, foi incluído um parágrafo com menções explícitas a "políticos do PSDB", que não constam da carta em inglês.
Para Aníbal, o petista cometeu um crime: “Adulterar um documento na tradução é gravíssimo. A tradução ‘padrão Simão Pedro’ cria um parágrafo novo. Isso é crime, uma esculhambação”.
Em Brasília, PSDB, DEM e PPS, atingidos pelas acusações, conseguiram a convocação do ministro da Justiça em uma comissão da Câmara dos Deputados para explicar o nebuloso percurso das denúncias. A oposição quer saber se as acusações, de fato, chegaram à Polícia Federal pelas mãos de Cardozo, e não através do Cade como antes registrado em ofício pela própria PF. Os tucanos também querem que Cardozo explique as diferentes versões do documento.
“Eu quero o depoimento do ministro Cardozo na Comissão de Constituição e Justiça exatamente para isso”, afirmou o senador Aloysio Nunes Ferreira (SP). “Se houve sucessão de erros ou se houve manipulação, é um processo que tem de ser esclarecido – até em benefício da própria investigação. Não convém que uma investigação dessa natureza, que envolve fatos graves, seja envolta num clima de suspeição, de intriga política.”
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O ministro José Eduardo Cardozo sai dos trilhos
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Eles também cobram que o ministro explique o motivo de não ter enviado o documento ao Supremo Tribunal Federal (STF), ao Ministério Público de São Paulo ou à Procuradoria-Geral da República. Para os tucanos, como a versão em português cita parlamentares com foro privilegiado, um desses três órgãos deveria ser o responsável pelas apurações.
“Ele [Cardozo] diz que encaminhou para a Polícia Federal e dois delegados da PF dizem que receberam esse documento do Cade. Alguém está mentindo. Não acho que seja a PF, porque a palavra dos dois delegados está no papel e a do ministro não”, disse Aparecido.
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AQUI, reportagem que desmonta a farsa.
“Ele [Cardozo] diz que encaminhou para a Polícia Federal e dois delegados da PF dizem que receberam esse documento do Cade. Alguém está mentindo. Não acho que seja a PF, porque a palavra dos dois delegados está no papel e a do ministro não”, disse Aparecido.
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AQUI, reportagem que desmonta a farsa.
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