Um keynesiano em cada esquina para melhor servir você.
Lembra desse slogan? Era de uma loja que vendia artigos populares - claro que não tinha Keynes no slogan, era apenas uma loja.
O Brasil é um país peculiar onde o partido que agora está no poder conseguiu chegar lá porque fez uma declaração pública dizendo que respeitaria todos os fundamentos da política econômica implantada pelo adversário e contra a qual ele votou.
E também por ter ampliado um programa que chamava de bolsa esmola e que a partir do momento em que foi multiplicado passou a ser o maior programa de inclusão social do mundo. Agora todo mundo pode plantar a sua macaxeira e manter intacta a sua dignidade.
O país é tão peculiar que descobriu que estava sendo espionado pelas agências de segurança do governo norte-americano e transformou isso num formoso cavalo de batalha para ser usado nos programas eleitorais, até que se descobriu que fazia a mesma coisa, mas com intenções civilizatórias, e não expiatórias.
Foto: Gabriel Wickbold
“Mas é diferente” passou a ser o slogan para justificar tudo o que o partido no poder criticava nos outros e faz igual. A diferença é que o seu igual é diferente daquele dos outros. Por que razão? Simples, os outros fazem coisas para o mal, ao passo que ele faz as mesmas coisas mas é para o bem.
Difícil de entender? É que você não entende a diferença entre a deontologia do bem e a do mal.
A peculiaridade se tornou tão diferenciada, que o eufemismo tomou o lugar da verdade.
A inflação anda pelas tabelas beirando perigosamente o teto da meta, mas o ministro Guido Mantega diz que essa é uma característica inerente a esta época do ano. A teoria deve ter alguma coisa a ver com a característica da temperatura do outono. Serão as folhas mortas? Quando o verão chegar, as coisas vão mudar.
O equilíbrio fiscal sempre teve um significado claro, que é a ação que não permite -- ou não deve permitir -- que o governo gaste muito mais daquilo que arrecada. É mais ou menos o efeito carnê das Casas Bahia: não gaste 100 se você ganha 80. As consequências disso costumam ser desastrosas: chamam elegantemente de déficit público ou de descontrole das contas públicas. Cobre-se o rombo com emissão de títulos, aumenta a dívida, a inflação cresce.
O governo inventou a chamada “contabilidade criativa” para mudar o dinheiro daqui pra lá e fingir que ele nasce em árvore, mas o desalmado mercado e as agências de avaliação de risco que só se deixam enganar quando interessa a elas, conhecem os truques e sabem detectá-los à distância.
O fato é que os Brics, que são uma espécie de Fifa que reúne países emergentes, uma federação inexistente de iniciais que serve para nomear países em fase de desenvolvimento acelerado, está prestes a rebaixar o Brasil para a série B.
Tudo isso para provar que é mais difícil criar os fundamentos de um país sólido e de crescimento sustentável do que encher urnas de votos quando esse é um fim em si mesmo.
Lembra desse slogan? Era de uma loja que vendia artigos populares - claro que não tinha Keynes no slogan, era apenas uma loja.
O Brasil é um país peculiar onde o partido que agora está no poder conseguiu chegar lá porque fez uma declaração pública dizendo que respeitaria todos os fundamentos da política econômica implantada pelo adversário e contra a qual ele votou.
E também por ter ampliado um programa que chamava de bolsa esmola e que a partir do momento em que foi multiplicado passou a ser o maior programa de inclusão social do mundo. Agora todo mundo pode plantar a sua macaxeira e manter intacta a sua dignidade.
O país é tão peculiar que descobriu que estava sendo espionado pelas agências de segurança do governo norte-americano e transformou isso num formoso cavalo de batalha para ser usado nos programas eleitorais, até que se descobriu que fazia a mesma coisa, mas com intenções civilizatórias, e não expiatórias.
Foto: Gabriel Wickbold
“Mas é diferente” passou a ser o slogan para justificar tudo o que o partido no poder criticava nos outros e faz igual. A diferença é que o seu igual é diferente daquele dos outros. Por que razão? Simples, os outros fazem coisas para o mal, ao passo que ele faz as mesmas coisas mas é para o bem.
Difícil de entender? É que você não entende a diferença entre a deontologia do bem e a do mal.
A peculiaridade se tornou tão diferenciada, que o eufemismo tomou o lugar da verdade.
A inflação anda pelas tabelas beirando perigosamente o teto da meta, mas o ministro Guido Mantega diz que essa é uma característica inerente a esta época do ano. A teoria deve ter alguma coisa a ver com a característica da temperatura do outono. Serão as folhas mortas? Quando o verão chegar, as coisas vão mudar.
O equilíbrio fiscal sempre teve um significado claro, que é a ação que não permite -- ou não deve permitir -- que o governo gaste muito mais daquilo que arrecada. É mais ou menos o efeito carnê das Casas Bahia: não gaste 100 se você ganha 80. As consequências disso costumam ser desastrosas: chamam elegantemente de déficit público ou de descontrole das contas públicas. Cobre-se o rombo com emissão de títulos, aumenta a dívida, a inflação cresce.
O governo inventou a chamada “contabilidade criativa” para mudar o dinheiro daqui pra lá e fingir que ele nasce em árvore, mas o desalmado mercado e as agências de avaliação de risco que só se deixam enganar quando interessa a elas, conhecem os truques e sabem detectá-los à distância.
O fato é que os Brics, que são uma espécie de Fifa que reúne países emergentes, uma federação inexistente de iniciais que serve para nomear países em fase de desenvolvimento acelerado, está prestes a rebaixar o Brasil para a série B.
Tudo isso para provar que é mais difícil criar os fundamentos de um país sólido e de crescimento sustentável do que encher urnas de votos quando esse é um fim em si mesmo.
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