quinta-feira, 28 de novembro de 2013

PERNA CURTA

José Aníbal

O ministro José Eduardo Cardozo é um desses políticos que, ao recontar uma estória de trás para frente, vai incluindo detalhes inéditos na trama para tapar os buracos da versão original. Quanto mais curta vai ficando a perna da estória, mais informação nova ele vai acrescentando à narrativa.

O ministro Cardozo deixou que o CADE, órgão do Ministério da Justiça, fosse apontado e enxovalhado pela oposição por quase 48 horas como a fonte da mais nova alopragem petista: o documento falso que aponta líderes oposicionistas supostamente pegos no pulo.

Dois dias depois, Cardozo veio a público para dizer que foi ele, e não o CADE, o responsável por levar a coisa à Polícia Federal. Desmentido por documentos, que registravam na PF a chegada do material, via CADE, em 11 de junho, o ministro arranjou outro esclarecimento súbito: erro infeliz dos delegados.

Everton Rheinhemer, o delator que teria pedido uma diretoria executiva na Vale e proteção do PT em troca da denúncia, disse em nota que o documento a ele atribuído era, na verdade, anônimo, e que jamais o encaminhou ao CADE ou à PF.

José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça. Foto: Fernando Maia Agência / O Globo

Ora, se o documento não é dele, se não é originário da investigação em andamento, mas sim foi anexado pela PF ao inquérito em junho, a pedido do ministro Cardozo, de onde veio a alopragem? Do deputado petista Simão Pedro, que o teria entregado ao ministro em junho (na primeira versão de Cardozo) ou em maio (na segunda).

O deputado Simão Pedro, ex-chefe do presidente do CADE e colega de partido de Cardozo, é último elo conhecido do tal documento. Por que ele não vem a público esclarecer a origem da lista? Afinal, o material não estaria cheio de provas? Cada vez mais, a paternidade da coisa aponta para ele e o ministro Cardozo, um como autor, o outro como coautor. O crime é de ambos.

Leia a íntegra em Perna curta

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