Publicado na coluna de Carlos Brickmann
Toda a feroz campanha contra o ministro Joaquim Barbosa terá como causa a vingança contra a ousadia de condenar réus do sacrossanto partido que ocupa o poder federal? Ou, como causa associada, a possibilidade de que o ministro saia candidato à Presidência da República, cometendo o crime de lesa-majestada?
Talvez a causa seja outra (até porque Barbosa, arrogante, de trato áspero, muitas vezes grosseiro, dificilmente ganharia uma eleição): o ator Milton Gonçalves, respeitado militante dos movimentos negros desde os tempos em que isso não era moda, vê a face do racismo na guerra a Joaquim Barbosa. “Se fosse louro de olhos azuis, o discurso seria outro”. Completa: “Ele tem méritos. Não entrou por cotas, fala cinco línguas, é um personagem importante em nosso país”.
O advogado Humberto Adami, do Instituto de Advocacia Racial, entrou na luta por Barbosa, criando a campanha “O Brasil abraça o ministro Joaquim e o STF” nas redes sociais e criticando a “campanha desonesta, vil e evidentemente racista contra um brasileiro que tem cumprido fielmente suas obrigações constitucionais”. Lembra que a campanha racista é movida contra Barbosa, que é negro, e poupa os demais ministros que votaram a seu lado pela condenação. Mas os outros que condenaram os réus são brancos e não sofrem ataques.
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