Augusto Nunes
Num dos trechos da entrevista a VEJA, o repórter Robson Bonin lembra a Romeu Tuma Junior que, no livro Assassinato de Reputações, o delegado afirma que o ex-presidente Lula foi informante da ditadura. “É uma acusação muito grave”, ressalva o entrevistador. Segue-se a resposta:
Não considero uma acusação. Quero deixar isso bem claro. O que conto no livro é o que vivi no Dops. Eu era investigador subordinado ao meu pai e vivi tudo isso. Eu e o Lula vivemos juntos esse momento. Ninguém me contou. Eu vi o Lula dormir no sofá da sala do meu pai, Presenciei tudo. Conto esses fatos agora até para demonstrar que a confiança que o presidente tinha em mim no governo, quando me nomeou secretário nacional de Justiça, não vinha do nada. Era muito tempo. O Lula era informante do meu pai no Dops.
No minuto seguinte, blogueiros estatizados começaram a desmentir aos berros a declaração, garantindo que Tuma Junior não tinha idade para ser agente do Dops em 1980. Nesta segunda-feira,
Reinaldo Azevedo informou que Tuminha nasceu em 1960, não em 1963. As fotos abaixo mostram quem mentiu.
Com o presidente João Baptista Figueiredo na antiga Ala Oficial, hoje Pavilhão do Aeroporto de Congonhas – São Paulo, 1981
Na porta do Dops, acompanhando o casal Lula da Silva, a pedido de meu pai, como guarda-costas do mais ilustre hóspede que por ali passou – São Paulo, maio de 1980
Em operação do Dops, no início da década de 1980. Ao fundo, veem-se os dois agentes que, por ordem do Tumão, acompanharam Lula em sua visita secreta à mãe, Dona Lindu: Armando está à esquerda e Oswaldo à direita (ambos com bigode)
O autor deste livro na mesma operação do Dops
No Dops paulista, comemorando o 47o aniversário do Tumão na sala em que Lula dormiria quando ficou “preso” – Outubro de 1978
“Eu descobri a conta do mensalão nas Ilhas Cayman mas o governo e a Polícia Federal não quiseram investigar”, afirmou Romeu Tuma Junior, na entrevista a VEJA. “Quando entrei no DRCI (Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional), encontrei engavetado um pedido de cooperação internacional do governo brasileiro às Ilhas Cayman para apurar a existência de uma conta do José Dirceu no Caribe. Nesse pedido, o governo solicitava informações sobre a conta não para investigar o mensalão, mas para provar que o Dirceu tinha sido vítima de calúnia, porque a VEJA tinha publicado uma lista do Daniel Dantas com contas dos petistas no exterior. O que o governo não esperava é que Cayman respondesse confirmando a possibilidade de existência da conta. Quer dizer: a autoridade de Cayman fala que está disposta a cooperar e aí o governo brasileiro recua? É um absurdo”.
O documento abaixo reproduzido mostra parte da resposta enviada das autoridades das Ilhas Cayman à consulta feita pelo Ministério da Justiça. Se o governo queria efetivamente saber se existiam as contas reveladas por Daniel Dantas, ficou subentendido que havia pelo menos uma: a de José Dirceu. O ministério desistiu de seguir adiante com as investigações.
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