Maria Helena RR de Sousa
“Nefasta hiperdemocracia de nossos tempos. (...) Eu duvido que tenha havido outras épocas da história em que a multidão chegasse a governar tão diretamente como no nosso tempo!”. Ortega y Gasset (1883/1955)
Juca e Chico, de Wilhelm Busch (1865)
Não dá mais para esperar. Há partes de nosso tecido social com os pontos arrebentando, outras com fiapos de linha escapulindo e outras ainda já em frangalhos. Se demorar mais um bocadinho, o Brasil vira um trapo.
Não bastassem os problemas gravíssimos que temos com crimes hediondos nas penitenciárias do país; estupros de mulheres de presos em celas onde elas não deveriam estar; chacinas em cidades ricas do estado mais rico da Federação; somos informados que:
*dinheiro não é problema. O Fundo Penitenciário tem mais de R$1 bi em caixa! Mas dinheiro em caixa não vira presídio num passe de mágica. É preciso pessoal capacitado para planejar e construir e dentro do limite de 30 mil reais por vaga num presídio. Parece que esse limite desagrada.
*ontem (em 2014!), uma portaria do Ministério da Saúde criou a Equipe de Avaliação e Acompanhamento das Medidas Terapêuticas Aplicáveis à Pessoa com Transtorno Mental em Conflito com a Lei – esse nome todo para nos informar que a ideia é “diminuir a quantidade de brasileiros que, mesmo com a absolvição da Justiça, continuam detidos em razão dos transtornos mentais”.
O ministro Padilha só não explica para onde irão os doentes mentais que não deveriam estar detidos, “depois de sua desinternação progressiva”.
Pois é. Alguém lá em cima achou que era pouco e resolveu insistir numa tese de arrepiar: está criado o apartheid social nos shopping centers! Com apoio e solidariedade do bravo MTST. E de autoridades que decretaram que esse é um problema cultural.
Um bando de meninos mimados resolveu fazer baderna em shoppings. Bem alimentados, com roupas de gosto duvidoso e preço idem, usuários da Internet que o papai e a mamãe bancam com orgulho, usam de um direito que segundo Cláudio Lembo, essa figura divertida que vira e mexe retorna ao noticiário, “está na Constituição”.
A ministra da Igualdade Racial, Luiza Barros (oh! Surpresa! filiada ao PT) diz que os problemas são derivados da reação de pessoas brancas que frequentam esses lugares e se assustam com a presença dos jovens. “Uma parcela da sociedade não quer a presença deles em determinados lugares!”.
O que eu sei é que esses protegidos do Lembo e da dona Luiza, com seus 15 minutos de fama, apareceram em fotos nos jornais e na Internet. Eles não são negros: são multicoloridos, são brasileiros. Negra é a vontade de criar um ódio que não existia.
Quando é que vai ser a nossa vez? Dos idosos multicoloridos terem o direito de andar em bandos nos corredores dos shoppings, com suas bengalas e andadores, pegando o que lhes aprouver, levando o lanche de casa, assustando a clientela e berrando e “amassando” os gatos para lhes dar bons beijos? Ou vocês acham que velho perde a vontade de beijar? É nosso direito e com certeza está na Constituição, já que nossa Lei Maior parece até coração de mãe das antigas: sempre cabe mais um.
O Brasil está ridículo!
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