quarta-feira, 26 de março de 2014

É UMA GRAÇA, ESSA GRACIOSA!

A presidente da Petrobrás, Maria das Graças Foster, a quem a Dilma apelidou de “Graciosa” ao dar-lhe posse numa solenidade do Palácio do Planalto, parece enfezada com os quadrilheiros que se apossaram da estatal há 12 anos. Numa entrevista aos repórteres Ramona Ordoñez e Bruno Rosa, do Globo, ela joga para plateia ao dizer que “não fica pedra sobre pedra” a apuração que mandou fazer sobre a compra do ferro velho de Pasadena, no Texas, que ajudou o dono do negócio a ser um dos mais ricos da Bélgica.

Parece até que Graciosa é um ET, desceu de uma nave espacial na sede da empresa na Avenida Chile, no Rio. A julgar pelas suas declarações ao jornal carioca, quem sabe se não veio de uma galáxia distante.  Há 37 anos anos lá dentro, onde começou como estagiária aos 24, desconhece tudo que passa em sua volta. Recebeu a empresa de presente da Dilma para administrar em janeiro de 2012 . E ali manteve durante esses dois anos o silêncio conivente sobre as trapaças dos petistas que transformaram a diretoria no covil de numa quadrilha organizada para roubar dinheiro e distribuir em campanhas políticas. Se não fosse a frase de efeito, a entrevista da Graciosa poderia ir muito bem para a cesta do lixo. Em nenhum momento, ela, que conhece muito bem os emaranhados da empresa, responsabilizou Sergio Gabrielli, ex-presidente, ou outro diretor pelos danos financeiros causados à Petrobrás.
Na entrevista, Graciosa preferiu burocratizar os esclarecimentos da podridão para escamotear a verdade de que a Petrobrás nessa última década foi ocupada por sindicalistas incompetentes e desqualificados; que os diretores eram, e ainda são, nomeados por interesses políticos; que, no auge da anarquia, até o Severino, ex-presidente da Câmara, exigiu a “diretoria que furava poços” para apoiar o governo petista; que caíram pela metade as ações da Petrobrás nesse período; que o Hugo Chávez nunca assinou oficialmente uma folha de papel se comprometendo a participar da construção da refinaria Abreu e Lima, outro quartel-general da corrupção; e que, finalmente, há doze anos, instalou-se na Petrobrás uma quadrilha especializada em fazer negócios escusos para manter o PT no poder.
Graciosa, na entrevista, fez cara feia para se dizer indignada com tanta patifaria na empresa que dirige. Tudo jogo de cena. É de se perguntar: o que ela fez nesses dois anos para moralizar a Petrobrás, um dos maiores patrimônios do povo brasileiro? Nada. Trocou apenas alguns manjados diretores que passaram depois a ter vida luxuosa à frente de empresas de consultoria a serviço da Petrobrás. Foi o caso de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento, preso por lavagem de dinheiro, que manteve um pé lá dentro como lobista e consultor de empresas interessadas em negociar propinas com a estatal.
Graciosa também agraciou outro diretor, premiando-o com uma  diretoria do sistema Petrobrás. Aceitou a nomeação de Nestor Cerveró como diretor financeiro da BR Distribuidora, mesmo sabendo que ele sonegou documentos da negociação entre a Petrobrás e os belgas, donos da refinaria texana. O curioso é que só agora, anos depois, é que Graciosa e Dilma, sua amiga, descobrem o responsável pela bandalheira: Cerveró. Mentira. O ex-diretor estava a serviço do governo petista há muito tempo e a refinaria foi negociada quando a Dilma era presidente do Conselho da Petrobrás, portanto, Cerveró é apenas o bode na sala, o que menos tem culpa no cartório.
A comissão de senadores e deputados que levou a representação ao Procurador-Geral da República para investigar a Dilma acertou na mosca. Não basta apenas crucificar o Cerveró, é preciso encontrar o responsável ou responsáveis pela bandalheira. Pelo menos três deles, ao que se sabe, tem nomes e endereços conhecidos: Dilma Roussef, Luis Inácio Lula da Silva e Sérgio Gabrielli.
A Polícia Federal não precisa gastar tanto dinheiro com diligências. É só intimá-los a depor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário