A presidente da Petrobrás, Maria das Graças Foster, a quem a Dilma apelidou de “Graciosa” ao dar-lhe posse numa solenidade do Palácio do Planalto, parece enfezada com os quadrilheiros que se apossaram da estatal há 12 anos. Numa entrevista aos repórteres Ramona Ordoñez e Bruno Rosa, do Globo, ela joga para plateia ao dizer que “não fica pedra sobre pedra” a apuração que mandou fazer sobre a compra do ferro velho de Pasadena, no Texas, que ajudou o dono do negócio a ser um dos mais ricos da Bélgica.
Na entrevista, Graciosa preferiu burocratizar os esclarecimentos da podridão para escamotear a verdade de que a Petrobrás nessa última década foi ocupada por sindicalistas incompetentes e desqualificados; que os diretores eram, e ainda são, nomeados por interesses políticos; que, no auge da anarquia, até o Severino, ex-presidente da Câmara, exigiu a “diretoria que furava poços” para apoiar o governo petista; que caíram pela metade as ações da Petrobrás nesse período; que o Hugo Chávez nunca assinou oficialmente uma folha de papel se comprometendo a participar da construção da refinaria Abreu e Lima, outro quartel-general da corrupção; e que, finalmente, há doze anos, instalou-se na Petrobrás uma quadrilha especializada em fazer negócios escusos para manter o PT no poder.
Graciosa, na entrevista, fez cara feia para se dizer indignada com tanta patifaria na empresa que dirige. Tudo jogo de cena. É de se perguntar: o que ela fez nesses dois anos para moralizar a Petrobrás, um dos maiores patrimônios do povo brasileiro? Nada. Trocou apenas alguns manjados diretores que passaram depois a ter vida luxuosa à frente de empresas de consultoria a serviço da Petrobrás. Foi o caso de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento, preso por lavagem de dinheiro, que manteve um pé lá dentro como lobista e consultor de empresas interessadas em negociar propinas com a estatal.
Graciosa também agraciou outro diretor, premiando-o com uma diretoria do sistema Petrobrás. Aceitou a nomeação de Nestor Cerveró como diretor financeiro da BR Distribuidora, mesmo sabendo que ele sonegou documentos da negociação entre a Petrobrás e os belgas, donos da refinaria texana. O curioso é que só agora, anos depois, é que Graciosa e Dilma, sua amiga, descobrem o responsável pela bandalheira: Cerveró. Mentira. O ex-diretor estava a serviço do governo petista há muito tempo e a refinaria foi negociada quando a Dilma era presidente do Conselho da Petrobrás, portanto, Cerveró é apenas o bode na sala, o que menos tem culpa no cartório.
A comissão de senadores e deputados que levou a representação ao Procurador-Geral da República para investigar a Dilma acertou na mosca. Não basta apenas crucificar o Cerveró, é preciso encontrar o responsável ou responsáveis pela bandalheira. Pelo menos três deles, ao que se sabe, tem nomes e endereços conhecidos: Dilma Roussef, Luis Inácio Lula da Silva e Sérgio Gabrielli.
A Polícia Federal não precisa gastar tanto dinheiro com diligências. É só intimá-los a depor.
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