terça-feira, 25 de março de 2014

QUANTAS PASADENAS?

 Mary Zaidan

Então é assim: conselheiros da administração da Petrobras aprovam transações de muitos milhões de dólares - compras, vendas, fusões, investimentos – sem ler contratos, sem conhecer cláusulas, sem ter noção dos ganhos e danos de um negócio. Embolsam entre R$ 8 mil e R$ 10 mil por mês para ler pareceres que, conforme confessou a presidente Dilma Rousseff, podem ser “técnica e juridicamente falhos”.

Arrepia imaginar o quanto uma gestão assim custa à companhia e ao País.

O escândalo de Pasadena, que, com aval da então ministra Dilma, sugou a cifra indecente de US$ 1,18 bilhão, pode ser apenas um pedaço. Quem garante que outros pareceres “falhos” não foram emitidos? Quantas Pasadenas podem existir?

Desconfiança criada pela própria presidente. Para tirar o peso de suas costas, Dilma conseguiu lançar dúvidas sobre todas, absolutamente todas, as decisões do Conselho de Administração da Petrobras. Mais: desacreditou o corpo técnico da estatal menina dos olhos do PT, alvejando funcionários de carreira.

Dilma fez tudo errado, como não raro costuma fazer. Não aceitou nem mesmo a nota enviada pela amiga e presidente da Petrobras, Graça Foster, quando o jornal O Estado de S. Paulo pediu explicações sobre o voto na aquisição da refinaria. Rasgou a sugestão. Picou em pedacinhos o que poderia ser o seu melhor escape. Como de costume, preferiu a arrogância.



Como Pasadena é um daqueles negócios que quanto mais nele se mexe mais forte é o odor, o PT busca perfumar o ambiente com uma bateria de justificativas que, mesmo que não expliquem, parecem explicar. A ordem é blindar Dilma até Pasadena passar.

A ata tardia que apareceu depois do óleo derramado para tentar provar que todo o Conselho ignorava detalhes do contrato só piorou o que já era terrível. Não consertou o malfeito e escancarou a incompetência dos conselheiros e da própria presidente.

Demissão sumária e prisão de diretores e ex-diretores feitas às pressas causaram ainda mais estranheza. A compra dos 50% de Pasadena aconteceu em 2006, o litígio que obrigou a arrematar o restante começou em 2008. De lá para cá – antes de a presidente Dilma ser citada como avalista - nada foi investigado, ninguém foi punido. Ao contrário, os culpados de agora tinham sido promovidos.

Dilma pode até se safar. Já para a Petrobrás – que em cinco anos caiu de 12º para 120º lugar no ranking do Financial Times das maiores empresas do mundo - difícil será recuperar a credibilidade depois de a presidente da República dizer que seus conselheiros não leem o que assinam.

Vale a pergunta: de quantas Pasadenas é feito o governo Lula-Dilma?

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