Merval Pereira, O Globo
A Petrobras continua no centro do debate político desde que a presidente Dilma Rousseff cometeu o “sincericídio” de admitir que a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, foi um mau negócio feito com base em relatório “técnica e juridicamente falho”.
Assumiu assim, às vésperas da campanha eleitoral, uma atitude crítica às administrações anteriores à sua gestão, que tiveram um cunho marcadamente político nos dois mandatos do ex-presidente Lula, primeiro com José Eduardo Dutra e depois com José Sergio Gabrielli.
Como não pode ir adiante nas críticas, a presidente ficou paralisada numa ação política de alto risco, que a expôs ao mau humor de seus adversários internos no PT. “Ela não pode fugir às suas responsabilidades”, retrucou Gabrielli em entrevista, colocando Dilma como coautora da decisão da compra, já que presidia o Conselho da companhia.
Além de afetar sua imagem de boa gestora, a esta altura totalmente desacreditada, a queda de valor da Petrobras no mercado de ações afeta diretamente milhares de eleitores que usaram o Fundo de Garantia para comprar suas ações, e também um símbolo nacional que já serviu de base para campanhas petistas e hoje se tornou uma carga pesada.
Não é um debate promissor para quem começa a ter dificuldades na corrida presidencial, com queda de popularidade e aprovação do governo que a coloca em rota de redução de possibilidades de se reeleger.
O recorte da pesquisa Datafolha que analisa a preferência dos 17% que conhecem igualmente os três candidatos à Presidência da República a coloca em pé de igualdade com os adversários Eduardo Campos e Aécio Neves, o que implica deduzir que quando todos forem igualmente conhecidos, o favoritismo de Dilma se esvairá.
Mais que isso, no hoje provável segundo turno, a presidente perde para os dois nesse grupo, o que reforça a ideia de que qualquer um que vá ao segundo turno receberá o apoio da maioria dos eleitores do outro, uma situação totalmente diferente das eleições anteriores, quando boa parte dos que votaram com a oposição no primeiro turno retornou para Lula no segundo.
E ainda tem a CPI da Petrobras.
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