A Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, começou a gastar bilhões de reais antes mesmo de ter aprovado, por seu conselho de administração, o Estudo de Viabilidade Econômico-Financeira. Os custos de construção saltaram de R$ 4 bilhões, previstos inicialmente, para R$ 40 bilhões. O Valor teve acesso à íntegra das 123 atas do conselho de administração da refinaria, em reuniões presididas, entre março de 2008 e dezembro de 2013, pelo ex-diretor de refino e abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, preso desde 20 de março no âmbito da Operação Lavo Jato, da Polícia Federal.
Em 30 de outubro de 2008, o conselho aprovou o "plano básico de organização" da refinaria. Àquela altura, Abreu e Lima herdou uma série de contratos firmados diretamente pela Petrobras. Seis meses após chancelar o plano básico, o conselho aprovou as condições para a empresa sacar um empréstimo de R$ 10,5 bilhões, do BNDES.
Somente em 14 de janeiro de 2010, quando a refinaria já havia começado a ser construída, o conselho de administração decidiu submeter à aprovação o estudo de viabilidade, que apresenta avaliações detalhadas sobre as condições de execução do projeto.
A Abreu e Lima se tornou a obra mais cara do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Levantamento feito pelo Valor revela que, entre 2008 e 2013, ela teve mais de 150 termos aditivos assinados por Costa e José Carlos Cosenza, então gerente-executivo de refino da Petrobras que passou a presidir o conselho da refinaria em julho de 2012.
Entre os contratos liberados pelos conselheiros antes da aprovação do estudo de viabilidade, há um que contempla a Jaraguá Equipamentos Industriais, uma das companhias investigadas pela PF na Operação Lava Jato. Em 26 de novembro de 2009, de uma só vez, ela ganhou seis contratos em um pacote de R$ 1,06 bilhão. E depois ainda vieram os aditivos.
(Valor Econômico)
Nenhum comentário:
Postar um comentário