O problema do Brasil não é ter complexo de vira-lata, mas cultivar a obsessão do “mega”. Uma obsessão cafona e perniciosa. Tudo precisa ser o “maior do mundo”. E assim foi o Maracanã em 1950, construído em apenas dois anos. Que inveja de nós mesmos.
Por que prometer a “Copa das Copas”? Por que não se conformar com uma Copinha alegre e hospitaleira, organizada e bem planejada, com dignidade? Não está no DNA tupiniquim? A ostentação é coisa nossa. A construção de Brasília é um dos exemplos do megadesperdício – seu estádio, agora, é uma continuação da megaincompetência na gestão de quase tudo.
Só um país sem noção como o nosso, com tantos problemas sérios e crônicos de prazos, infraestrutura, internet e transporte, numa área continental, resolve submeter estrangeiros e brasileiros a uma Copa em 12 sedes.
O Brasil populista é mais megalomaníaco. As promessas ufanistas são típicas do populismo, de direita ou esquerda. Conclamar as massas ao patriotismo e a cerrar fileiras contra inimigos internos ou externos é um recurso primário, que já deu muito errado na história da humanidade.
A Copa mais bilionária das Copas passa a atrair, no gramado esburacado das ruas, a ira de uma população descontente e dos vândalos de ocasião. As cenas em Pernambuco, de saques de multidões, durante a greve da PM, são assustadoras, pela anarquia e pelos risos dos assaltantes, muitos menores de idade ou pais e mães.
É essa a população que se beneficia das bolsas do governo do PT? Imagens e relatos de um país lúmpen rodam o mundo. As fezes, lixos e pneus no mar, lagos e baías. Os ônibus depredados e incendiados. As lojas e escolas fechadas por medo de violência. As filas da vergonha nos hospitais públicos. Os confrontos sangrentos nas favelas. O vaso sanitário arremessado em pleno estádio, que matou um torcedor. Não foi uma banana, foi uma privada.
Por enquanto, a Copa das Copas se traduz pelo lado negativo. O maior atraso do mundo nas obras de estádios e aeroportos. A maior desorganização e falta de planejamento. O maior número de operários mortos. As maiores manifestações contra a Copa. Os maiores problemas nos aeroportos inacabados. Os custos mais altos. Os maiores preços nos hotéis. É o mega-Brasil em ação. Pra frente Brasil, salve a Seleção.
O grau de frustração segue o grau de promessas não cumpridas. Não fique de queixo caído, pessoal do Planalto. É só puxar pela memória e ler. A Refinaria Premium 1, no Maranhão, anunciada com estardalhaço por Lula e Dilma em 2010, deveria ser “a maior do país”. Uma megarrefinaria. Deveria gerar 25 mil empregos. Está parada. Foi orçada em R$ 38 bilhões pela Petrobras. O mesmo aconteceu com muitas obras.
Uma sondagem da Fundação Getulio Vargas revelou que o Brasil terá o terceiro pior PIB da América Latina neste ano. É a pior avaliação desde 1999, segundo a FGV.
Leia em O complexo do mega-Brasil
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